João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


TIRO PELA CULATRA
 
Ontem, dia 31 de março, os petistas se reuniram para analisar e propor medidas de resistência ao que o pateta do seu presidente, Rui Falcão, chamou de “fogo cerrado contra o PT” que as mídias, em geral, vêm fazendo. O evento, conforme o Estadão, contou com cerca de 3 mil petistas e sindicalistas identificados com os partidos de esquerda. Estava presente também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual fez um mea-culpa em relação aos erros do governo Dilma na economia e revelou estar “indignado” com a corrupção. Mas depois de morder, Lula tentou assoprar, repetindo o velho e cediço discurso petista, dizendo que a crise é política e não econômica. E que foi o governo petista que permitiu que a corrupção fosse combatida pois que antes tudo era "varrido para baixo do tapete". 
Lula citou alguns dos equívocos, que segundo ele, a Dilma cometeu: “Poderíamos ter aumentado o preço da gasolina lá em 2012”. Outro equívoco, segundo ele, foi baixar o preço da energia elétrica sem fazer um estudo técnico detalhado da questão. Por conta disso o governo tem que fazer agora um reajuste brutal na conta da energia elétrica, causando a revolta geral do povo.
Bem. Eu sempre achei o Lula um expert em política. Ele, realmente, não é um idealista  babaca como a Dilma, que acha que pode aplicar “ipsis literis” a sua cartilha socialista em um país com uma estrutura capitalista, como este nosso Brasil, ainda feudal e cartelizado em muitas frentes. Tanto é que foi o próprio Lula que disse: “Nós temos que ir para a rua muitas vezes, mas não temos que ficar com raiva de quem está indo contra nós. Eu, às vezes, fico irritado quando vejo(sic) companheiros dizendo que quem vai para rua contra nós são os que não prestam e nós somos os bons. Nós fomos contra Sarney, contra Collor, contra FHC, contra Geisel, contra Médici. É a primeira vez que estão indo contra nós. Eles têm direito.” Fonte: O Estadão.
Pois é. Quem te viu e quem te vê. O Lula, que há bem pouco tempo incentivava o discurso dos “nós” contra eles, no melhor estilo marxista da luta de classes, agora está fazendo um mea-culpa. Nada como um dia atrás do outro e nada como a dor de barriga que vem quando a gente come mais do que devia. Os petistas, que julgavam ter o monopólio da ética na política, dizendo que só eles eram os “bons, os puros, os honestos” agora estão acuados, tendo que se mobilizar para se defender exatamente das falcatruas que eles atribuíam aos outros. Levaram um bom tempo para isso e só depois de apanharem bastante. Tivessem agido com honestidade e isolado os corruptos do partido, ao invés de blindá-los e tratá-los como heróis, mártires, perseguidos políticos, como fizeram com Genuíno, Zé Dirceu, Delúbio, Palocci e outros declarados malandros que usaram a estrela petista para praticar safadezas, eles não estariam nesse pântano de águas podres e lama negra, que quanto mais é agitada, mais fede e suja quem se mete nela.
Tudo bem. Arrependimento sempre é bem vindo ainda que tarde. Mas o Lula e a Dilma precisam parar de dizer que foi o governo petista que proporcionou condições para que a corrupção fosse combatida. A Polícia Federal e o Ministério Público não são órgãos de partido político nenhum nem fazem parte daquele ou deste governo. São instituições de Estado e devem agir segundo a política definida na Constituição Federal e não por orientação deste ou daquele governo. Se estão atuando com tanta força e obtendo tais resultados é porque a corrupção, agora, tornou-se instituição do próprio Governo, que a utiliza como estratégia para arrecadar fundos para financiar a compra de votos. A corrupção, no serviço público, sempre existiu e continuará existindo, pois nunca nos livraremos daqueles que acham que dinheiro público é de ninguém e por isso pode se apropriar dele á vontade. Mas nunca foi tão gritante como agora, que o próprio partido no Governo se apropriou dela como logística de manutenção do poder.
Durante o ato, o inefável Gilmar Mauro, líder do MST, fez um discurso ameaçador, pregando uma “resistência” popular a uma tentativa de golpe. “Não haverá golpe no Brasil sem resistência popular nas ruas. Nossos movimentos não formaram covardes”, disse ele. Será que esses esquerdistas não tem um mínimo de sentimento de culpa pelo golpe que eles estão dando no povo brasileiro com tanta roubalheira? E quem formará nesse “exército popular” que ele pensa mobilizar para resistir a um propalado impeachement da Dilma? Seria bom ele se lembrar dos “caras pintadas” do tempo do Collor. Em política não é incomum os tiros saírem pela culatra.
 
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 01/04/2015
Alterado em 01/04/2015


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