João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O FIM DA PICADA
 
É possível estragar mais o que já não presta? Nossos congressistas estão provando que sim. Todos concordam que o nosso sistema político não corresponde ás necessidades do nosso país. Ele é uma porta aberta á corrupção, facilita a eleição de nulidades e perpetua o servilismo político e concorre para manter essa estrutura de capitania hereditária que sempre caracterizou a estrutura política do Brasil. Se formos pesquisar os nomes das pessoas que tem ocupado os cargos no Congresso Nacional, e por consequência, na máquina administrativa do país, encontraremos sempre os mesmos nomes, passando seus títulos e feudos políticos de pai para filho, há cem anos ou mais.
Desde que a República foi fundada, nomes como Neves, Collor, Sarney, Richa, Alves, Villelas, Barbalhos e outros, dividem o bolo eleitoral e criam suas famílias com o leite desta grande vaca chamada Brasil, que eles se esforçam para que continue sempre a ser um gigante adormecido em berço esplendido.  
E dá-se reformas e mais reformas. Só de Constituições a nossa República já teve seis. Isso em 124 anos. Os Estados Unidos, em quase 228 anos só teve uma. A constituição aprovada na Convenção de 1787 ainda serve.  A Inglaterra trabalha com a mesma Carta há cerca de 800 anos. Aqui é preciso fazer uma nova a cada 20 anos. Será que somos tão burros assim que não conseguimos escrever uma Carta capaz de definir o que realmente precisamos e queremos? As nossas Constituições nunca amadurecem. Parecem os jovens da nossa periferia, que são atraídos para o tráfico de drogas e morrem antes de atingir a maioridade civil.
Agora os nossos espertos congressistas querem mudar tudo de novo. Estão discutindo uma reforma política. Depois que o PT e seus aliados arrombaram os cofres públicos e mostraram o quão fácil é saquear um país que por ter leis demais não consegue cumprir nenhuma, estão querendo fazer uma nova lei para evitar que tais coisas aconteçam.
E a solução é o tal de Distritão. Com o Distritão, dizem, o chamado “efeito Tiririca” não vai acontecer mais. Quer dizer: um partido não vai levar para o Congresso um monte de nulidades sem voto, puxados por outra nulidade famosa. Com o Distritão só vai para o Congresso quem realmente for votado. Isso na verdade quer dizer: não teremos apenas um, mas um monte de Tiriricas no Congresso, pois quem duvida que os famosos terão vantagem. E quem duvida que os que já estão lá terão a vantagem para continuarem com suas tetas? Assim, o "efeito Tiririca" só muda de nome. Passa a se chamar "efeito mariposa". Todos vão girar em torno das lâmpadas. É o fim da picada.
Assim, se hoje o povo brasileiro não se sente representado, com o Distritão menos ainda. As regiões de menor densidade eleitoral e aquelas que não tiverem nenhum nome de peso para concorrer não terão nenhum representante. Só os ricos e famosos sobreviverão.
O Brasil continuará sendo um pais feudal, dividido em capitanias hereditárias e comendo sempre o mesmo pão amassado pelo diabo. É isso que os senhores congressistas querem e farão, pois sabem que se um dia um sistema politico decente e meritório for implantado, esses indivíduos que hoje lá estão jamais serão eleitos. Um sistema que contemple o voto distrital, por exemplo, onde o candidato se elege com os votos de um distrito e sabe que vai para o Congresso defender os interesses do povo que o elegeu. E se não o fizer estará fora no próximo pleito. Claro que isso não interessa aos nossos coronéis de província. E assim, o que já é ruim vai ficar ainda pior.
Também, quem tem um Cunha e um Renan nas presidências das duas casas legislativas pode esperar o que?   Só resta pedir que Deus tenha piedade de nós.
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 26/05/2015
Alterado em 26/05/2015


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