A MALDIÇÃO DO FILÓSOFO
(homenagem a Willian Blake)
Sentado na solidão da sua caverna
O velho filósofo capturou um raio.
E com a chama que ele alimentava
E a luz intensa que ele irradiava,
Seu pensamento fabricou um deus.
E lhe deu poder para tudo fazer e desfazer.
As ver as coisas que se seguiram
O horror que ele desencadeou
Começou a chorar e se lamentar
Batendo com a mão no peito,
Pedindo para que ele o perdoasse,
E para que ele o ajudasse,
A desfazer o mal que havia feito.
- Tarde demais - disse o deus:
- Tudo que o pensamento do homem emancipa
Não pode mais ser controlado, nem destruído.
Ele é como a pedra que rola da montanha
Ou a água que se liberta do útero da terra.
Construíndo ou destruindo,
Viverei enquanto tu viveres.
E morrerei quando o último da tua espécie,
Não tiver mais nenhum pensamento para alimentar-me.
Sou tua benção e a tua maldição."
E o homem que era livre
Tornou-se escravo da sua criatura.
E ela é o fantasma que o atormenta
Dia e noite, noite e dia.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 05/06/2015
Alterado em 09/06/2015