(conto em forma de soneto)
Vejo um momento odioso no futuro
Em que eu, inconformado e pontual,
Paramentado com meu terno escuro,
Sigo calado para o derradeiro ritual;
Vejo pessoas que contigo choraram
Que em vida, por razões individuais,
Até posso acreditar que me amaram,
E agora parecem tão convencionais.
E olhares de cobiça que te procuram
Como luzes de um farol direcionado
E mãos que dar consolo te procuram;
Estou morto, mas ainda bem sensível;
Pois mesmo já estando do outro lado,
O meu ciúme parece ser indestrutível.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 11/07/2015
Alterado em 11/07/2015