Observo, querida, a tranquilidade do teu sono,
Sono de terra, de mãe que cumpriu seu ofício,
E entendo que é neste momento de abandono,
Que a vida te dá a recompensa pelo sacrifício.
Na mecânica desse teu peito que sobe e desce
No ressonar profundo dos seres sem rancores,
Sinto a paz profunda que me envolve e parece
Libertar-me de todas minhas cismas anteriores.
Eu sou o mar que a tempestade agita e encapela,
Um lobo vil que não achou abrigo ou tolerância,
Fosse entre os homens nem entre os seus iguais.
Mas tu és um dia seguinte, depois que a procela,
Não é mais que u'a imagem perdida na distância,
De um passado que cada vez fica mais para trás.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 27/07/2015
Alterado em 27/07/2015