Talvez a morte fosse até um conveniente apelo,
Para noites assim, em que uma dor sem calma,
Com seu punhal de água e o seu lençol de gelo,
Primeiro sangra o peito, depois congela a alma.
Uma morte que venha como um vento nascido,
Em um cemitério onde se enterrou a esperança,
Perto da tumba saqueada de um faraó vencido,
Onde um deus irado trama a sua cruel vingança.
A morte talvez seja apenas o atingir do cúmulo,
Da mágua que pode caber num coração ferido
Pois a saciedade é sempre um primeiro túmulo.
Mas se a morte é termo da inevitável extinção,
Quero morrer antes que o amor tenha morrido,
Porque pior que a morte é a dor da separação.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 28/07/2015
Alterado em 28/07/2015