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BALADA PARA A BANCADA EVANGÉLICA
Meu cordeirinho inocente Nessa cruz sobre o altar, Quem fez de ti o presente Que é preciso entregar Á um Deus tão incoerente? Ele nunca ficará saciado Do sangue da sua gente?
Por que Ele terá deixado Que sua obra se perdesse Pelas mãos de um renegado Como se poder não tivesse Para evitar tal resultado? E depois quer consertar tudo Fazendo de ti o Sacrificado?
Oh! cordeiro, não estranhas Essa filosofia tão grosseira Que exige as tuas banhas A queimar numa fogueira Para garantir novo começo? Quem te disse que eu queria Ser resgatado a esse preço?
Cordeirinho do sacrifício, E se não fosse a Divindade Quem te deu esse ofício De morrer pela humanidade? Não é Ele o Pai da Luz? Por que havia de querer-te Estrebuchando nessa cruz?
Sim, cordeirinho inocente, Perdoa esta minha heresia, Mas desde bem antigamente Já não houve quem vendia O teu sangue nos mercados? E não faz tempo que tua vida Vem pagando meus pecados?
Oh¹ meu cordeiro inocente Que é sem mácula e sem vício; Se eu não fosse tão descrente Agradeceria teu sacrifício. Mas quem prega tais postulados Estão vendendo a tua carne Nas praças dos mercados.
Meu cordeirinho inocente, Ao ver o teu corpo exangue Como posso crer nessa gente Que tira lucro do teu sangue? Não fizeram de ti mero agente Somente para vender serviço A um povo pobre e tão carente?
Oh! cordeirinho inocente, Ao te ver assim tão mutilado, Penso na dor que ora sentes Por estares sendo assim usado. Se pudesses, dirias certamente:− Hei! Vamos parar com essa farsa: Cansei de ser a teta dessa gente.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 10/11/2015
Alterado em 10/11/2015
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