Sou estudante da Cabala porque vejo nesse sistema de pensamento criado pelos rabinos judeus uma prova bastante expressiva de que existe um inconsciente coletivo que fornece á humanidade um celeiro de arquétipos comuns, nos quais a espécie humana encontra as fontes da sua espiritualidade. Teilhard de Chardin chama essas fontes de “noosfera”, ou seja, uma espécie de atmosfera espiritual, formada pela soma dos pensamentos humanos, que aureolam a terra. Essa camada de pensamentos sublimados, na opinião daquele filósofo, forneceria a inspiração para a humanidade continuar a sua evolução no sentido de tornar-se, um dia, uma estrutura única, centrada em um ponto único de energia espiritual, que ele chama de Ponto Ômega. Essa evolução se dá a partir de uma concepção muito interessante de uma Árvore da Vida, que para Chardin tem início no mais ínfimo grão de energia existente no universo, e vai se ramificando em combinações cada vez mais complexas, até desembocar no homem, e neste, promover o fenômeno da reflexão, que para Teilhard, é a base da espiritualidade.
De uma forma diferente, mas operando em um mesmo sentido, a Cabala nos fornece uma visão da evolução do universo material e espiritual, desde a explosão do Primeiro Grão de Energia fundamental (o big-bang dos cientistas) até a formação da terra e a vida que ela hospeda, com a sua consequente evolução, fundamentada em leis naturais. Essa evolução é mostrada na Árvore da Vida cabalística, ou Árvore Sefirótica, desenho mãgico que tem por objetivo mostrar como Deus constrói o universo através das emanações da sua Vontade.
É nesse sentido que os sábios cabalistas intuíram, há milhares de anos atrás, o que só agora os cientistas vêm descobrindo em seus laboratórios. Por isso é que, para um estudioso como Jung, por exemplo, o que hoje os cientistas escrevem em seus tratados que ganham Prêmios Nobéis aos montões, talvez já estivesse contido nas incompreensíveis metáforas e simbolismos revelados pelos cabalistas, alquimistas e pensadores gnósticos de mil anos atrás.
Claro, sou estudante da Cabala, mas não posso dizer que a compreendo. Até porque, segundo me parece, a Cabala, sendo uma disciplina que lida com conteúdos da nossa mente inconsciente, ela só nos pode dar insights, que são inspirados a partir de arquétipos que a mente coletiva da humanidade nos fornece.
Neste momento, por exemplo, estou tentando decifrar porque a Cabala, e a Bíblia, que é, na origem a fonte dessa estranha disciplina tem tanta fascinação pelo número dez. Dez são os mandamentos de Deus, dez são as séfiras da Árvore da Vida (considerando a séfira oculta, daath), dez são as pragas que Deus lançou sobre o Egito para libertar o seu povo escolhido, etc.
Talvez o número dez seja assim considerado na ciência da matesis (a matemática cabalística) porque é o número que fecha o conjunto dos numerais, que se inicia com o o 1 termina com o 9. Ao apor o número 0 ao 1, temos o complemento final de todas as coisas, como a dizer que quando o princípio ( o 1) se une ao final(o 9), o ciclo se completa e tudo começa de novo. O que vem depois disso são apenas combinações que se processam em diferentes graus de significados e necessidades para a evolução do universo como um todo. Pode ser bom ou ruim dependendo da sensiblidade e da expectativa que temos das coisas.
Talvez precisemos estudar mais a fundo os simbolismos da Cabala para entender o que está acontecendo no Brasil de hoje. Para quem não sabe, esse simbolismo está na base das previsões de Nostradamus, que muita gente ainda considera um profeta respeitável, que previu acontecimentos que ainda deverão ocorrer. Para mim ele foi apenas um bom cabalista.
Brincando um pouco de Nostradamus, quero lembrar que nós já estamos vivendo a oitava praga que estava prevista para o Brasil pelo Doutor Ariel, o personagem reacionário e conservador do Jô Soares, que via a mão da esquerda comunista em tudo de ruim que acontecia no país. A primeira praga foi a vitória do Lula; a segunda foi a sua reeleição; a terceira, a eleição da Dilma, sua sucessora; a quarta, a volta da inflação; a quinta o desemprego em massa; a sexta, a resseção econômica, a sétima, o Mensalão, a Oitava, a Operação Lava a Jato; e a décima nós ainda podemos escolher: pode ser a delação premiada do Delcídio Amaral, o impeachement da Dilma, a subida do PMDB ao poder com o Temer, o fechamento do Congresso, uma nova ditadura militar, etc.
Seja o que for que venha a acontecer, o que nos consola é que depois das dez pragas sempre vem uns ventos de liberdade e promessa de redenção. O mar de lama já veio: de Brasília e de Minas. Agora vamos esperar uma nova abertura do Mar Vermelho para ver se escapamos dessas pragas que se abateram sobre o nosso país. Só espero que depois de sairmos desse território malldito e sombrio que o PT nos meteu, a gente não precise passar quarenta anos no deserto para purgar os nossos pecados e a nossa culpa por ter entregue o poder a essa gente. Deus há de perdoar a nossa ignorância.
Que Ele não nos abandone para podermos manter, pelo menos, a esperança. E que Nostradamus seja, como eu penso, apenas um filósofo esquizofrênico que tinha uma excepcional sensibilidade para adiantar acontecimentos históricos. Chega de desgraceiras.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 06/12/2015
Alterado em 07/12/2015