Algo de mim ficará nas coisas que toquei,
Nas mãos que afaguei,
Nos lábios que beijei;
Nos lugares que passei
Onde minha sombra recortou a luz
E fez com ela uma silhueta, para o tempo,
Preencher o álbum das identidades.
Do meu tempo ficará um pouco,
Do meu ódio ficará um pouco,
Da minha inveja e do meu prazer.
Mas sobretudo, ficará um pouco
De tudo que eu senti e fiz sentir.
Algo de mim...
Os meus rastros sobre a terra
Minha voz na canção do vento
Minha respiração no ar.
O toque das minhas mãos nas coisas
As imagens que meu cérebro montou
E as palavras que a minha laringe,
Inconscientemente elaborou.
Sobretudo, ficará de mim,
Os pensamentos que eu emiti,
Incorporados á atmosfera
Formada de todos os pensamentos
Em todos os lugares e tempos,
O Inconsciente coletivo da humanidade.
Assim, sobrevivo á minha passagem pelo mundo,
E escapo da voragem da entropia.
Sou energia enrolada sobre si mesma
E minha carne se espiritualiza em pensamento.
Minha mente se agrega ao espírito da terra
Como se fosse mais um neurônio na mente do universo.
Mansamente, como rio que o oceano absorve,
Minha alma descansa nos braços da eternidade.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 15/12/2015
Alterado em 23/12/2015