João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

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OS TRÊS FUNDAMENTOS DA MAÇONARIA 

Todo maçom está familiarizado com a expressão “Escada de Jacó”. Na tradição maçônica ela simboliza a própria Maçonaria enquanto escola de ensinamento moral e designa a escalada iniciática do iniciado pelos graus do ensinamento maçônico, que começa na sua iniciação, como Aprendiz, mas nunca termina, em sua própria vida terrena. Isso porque, embora o Irmão possa galgar todos os graus previstos no rito da Loja á qual ele se filiou, não é a sua elevação ao último grau que julga se ele, de fato, absorveu o ensinamento maçônico e subiu, com méritos, a “Escada de Jacó”, mas sim a prática desses ensinamentos na sua vida diária. 

Isso se explica pelo fato de a Maçonaria estar centrada em três fundamentos básicos que lhe dão suporte e fundamento. O primeiro é a idéia que está no núcleo central da sua própria existência como instituto cultural. Essa ideia é a de que uma Ordem Social perfeita só pode alcançada quando há pessoas com espiritos adequadamente preparados para implantá-la e, principalmente, para defendê-la e preservá-la.
Essa ideia só pode ser realizada através da união entre as pessoas mais preparadas e comprometidas com a ordem social. É uma união que se faz entre pessoas iguais e que se realiza através da estratégia da Confraria. Essa é a razão de a Loja Simbólica, dedicada ao Aprendiz, ser aberta com a invocação ao Salmo 133: “Como é bom e agradável viverem Irmãos em harmonia. É como o óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, do qual escorrem gotas para sua barba, e daí para suas vestes. É como o orvalho do Hermon, que vem cair sobre as montanhas do Tsión, como bênçãos ordenadas pelo Eterno. Sejam elas perpetuadas em sua vida”.[1]
    Isso quer dizer que todos os maçons são iguais e entre eles deve reinar a harmonia. Por isso, a virtude da Confraria, que se traduz na congregação dos Irmãos reunidos em Loja se realiza no simbolismo desse salmo, que consagra a união fraternal.
    O segundo fundamento é a prática que resulta da aplicação da idéia de união. Essa prática concita os membros da Confraria maçônica a viver e servir a sociedade, como se esta fosse a sua própria família. Aqui está implícita a virtude da Fraternidade, que é outra divisa consagrada pela Ordem. É esse espírito fraterno simbolizado no próprio ambiente gerado pela Loja, que resulta em uma egrégora, captando e distribuindo entre os Irmãos a energia que ali circula. Daí a oração final, de encerramento das seções, fechando a Loja Simbólica..[2]
 ─ Ó Gra .·. Arq .·. do Univ.·., fonte fecunda de Luz, de Felicidade e Virtude, os OObr.·. da Arte Real, congregados neste Augusto Templo, cedendo aos movimentos de seus corações, Te rendem mil graças e reconhecem que a Ti é devido todo bem que fizeram.
─ Continua a nos prodigalizar os Teus benefícios e a aumentar a nossa força, enriquecendo as nossas CCl.·. com OObr.·. úteis e dedicados.
─ Concedenos-nos o auxílio das Tuas Luzes e dirige os nossos trabalhos á perfeição. Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia sejam a tríplice argamassa com que se ligam as nossas obras.[3]
     E por fim a instituição, que é a própria organização conhecida como Maçonaria, pessoa jurídica organizada a nível internacional, que congrega milhões de cidadãos em todas as partes do mundo, irmanados por uma promessa, um código de conduta, uma tradição mística e um ideal comum, que é a defesa da Liberdade, da Igualdade entre as pessoas e a Fraternidade entre os povos do mundo. Essa proposta está consagrada nas palavras finais de encerramento dos trabalhos da Loja Simbólica, através da pergunta feita pelo Venerável Mestre ao Primeiro Vigilante e da consequente resposta deste:
─ VEN.·.Para que nos reunimos aqui?
1º VIG .·. Para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade, levantando Templos á Virtude e cavando masmorras ao vício.[4]
  
Assim destacamos os três fundamentos que instruem a existência da Maçonaria como elemento de cultura e estrutura de organização social. Ela surgiu primeiro como ideia, ou seja um desejo universal de união surgido entre os grupos de elite das antigas sociedades; depois evoluiu para uma prática de vida, da qual derivaram as primitivas religiões e ordens sociais. E por fim sua cristalização em uma instiuição, que tem por finalidade justamente essa ideia e essa prática de vida.
 
[1] Texto conforme a Bíblia Hebraica, traduzida Por David Gorodovits e Jairo Fridlin- Editora e Livraria Sefer Ltda. São Paulo, 2015. Para uma interpretação mais pormenorizada do simbolismo do salmo 133, ver a nossa obra “ O Tesouro Arcano”, publicada pela Editora Madras, 2013.
[2] Egrégoros, do grego “egrêgorein” são esferas de energia, emanadas dos pensamentos emitidos pelos indivíduos agrupados e ligados mentalmente por um objetivo comum. Aqui o termo é usado como símbolo de corrente energética.
[3] Cf. Ritual do Aprendiz.                                                        
[4] Idem, Ritual do Aprendiz.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 17/03/2016


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