Temer já se sente presidente do Brasil. Aliás, já se sentia desde o dia em que o Eduardo Cunha aceitou o pedido de impeachement da Dilma. Desde então ele só conspira para vestir, de vez, a faixa de presidente.
Nada de mal em tudo isso. Afinal, a Dilma já vai tarde. Ela enterrou o país na mais profunda crise política e econômica da sua história. Por pura incompetência, aliada á uma teimosia e uma arrogância sem limites, ela fechou os olhos para a corrupção dos seus aliados, e se encerrou em uma redoma onde pensava estar protegida de todos os males.
Na verdade, existe muito mais nuances nessa crise do que a mera incompetência da Dilma, a volúpia corruptiva do PT na sua ânsia de manter o poder a qualquer custo, e o proverbial cinismo oportunista dos políticos que se aliaram ao governo petista para saquear o país.
Um dos principais motivos dessa crise é a falência dos modelos esquerdistas adotados por vários países da América Latina. É um modelo suicida de governo, que cria imensos monstrengos burocráticos, sem pensar nas receitas necessárias para mantê-lo. Modelo que privilegia os direitos sem as necessárias contra partidas de deveres. Modelo que distribui benesses sem exigir méritos que os justifiquem. Modelos que enganam o povo com a ilusão de que todos podem ascender econômica e socialmente, sem fornecer ferramentas próprias para isso (educação e saúde), nem criar ambiente próprio para que as pessoas possam elevar-se por suas próprias forças.
Modelos assim, que criam programas sociais sem exigir uma necessária contrapartida de resultados em termos econômicos são como mesadas proporcionadas por pais irresponsáveis á seus filhos pródigos. Acabam criando mais vagabundos do que verdadeiros empreendedores. Consomem a renda do país e nada criam de valor para a sociedade. Destroem a autoestima de quem recebe e empobrece quem fornece.
Por isso os países que adotaram tais modelos estão passando pelas dificuldades atuais. Gastam mais do que produzem. Distribuem o que não tem. Quando os anos de vacas magras chegam nada há para distribuir e a briga começa. Isso é que está acontecendo com o Brasil, a Venezuela, Cuba, Argentina, Rússia e todos os países que se encantaram com o canto da sereia socialista.
Temer e seus aliados tem uma árdua tarefa pela frente. Sem querer fazer trocadilho, esse será um governo de temer. Se ele tiver “culhão” ( e apoio) suficiente para limpar toda essa bandalheira “socialista” que os governos do PT empurraram para dentro da máquina pública então é possível que o Estado brasileiro recupere a condição de oferecer um destino melhor para as nossas futuras gerações. Mas se quiser acomodar todos os bichos dessa autêntica “Arca de Noé”, que se tornou o nosso sistema político, então teremos trocado seis por meia dúzia, com o agravante do enorme custo social e político que todo esse processo vai trazer para o país.
De outro modo, estaremos abrindo caminho para os Bolsonaros da vida. Eles estão na moita, ávidos como hienas, para saltar sobre o cadáver que o país se tornará, se esta experiência fracassar.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 02/05/2016
