João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O discurso de Michel Temer ao assumir o lugar da Dilma promete. É uma guinada á direita, afastando a nefasta política esquerdista do PT que tanta infelicidade e desatino trouxe ao país, em troca de pífias conquistas sociais que os líderes petistas apregoam como grandes realizações.
As ilusões socialistas são assim mesmo. São inspiradas por arroubos românticos que no mais das vezes não passam de quimeras, porque a realidade sempre se apresenta mais dura do que aquela com que sonham os nossos espíritos. Claro que todos nós gostaríamos que no mundo não houvesse fome, doenças, pobreza absoluta, desgraças de todo tipo e que todos, indistintamente, pudessem gozar de idêntica felicidade e bem estar social. Mas sabemos que essa imagem é utópica por que a própria natureza fez as pessoas uma diferente da outra, com dotes singulares, e que cada uma desenvolve diferentes habilidades que as tornam mais merecedoras que outras. Injustiça talvez, mas quem pode julgar isso senão Deus, que nos fez assim? Jesus, que era mestre em acomodar as injustiças do mundo nos deu uma bela explicação para isso com a sua bela parábola dos talentos. Nessa parábola ele nos ensina que o importante não é o que o mundo nos dá, mas sim o que deixamos como realização pessoal nele, independente do valor que ela tem.
O socialismo, o comunismo e outras concepções esquerdistas invertem esse parâmetro. Querem pegar o que já tem e distribuir para todos com certa dose de igualdade. É bonito e romântico isso, mas totalmente improdutivo. Se pegássemos todas as riquezas e bens do mundo e distribuíssemos em partes iguais pela totalidade dos habitantes da terra, em menos de um ano dez por cento dos mais talentosos já teriam tomado a maior parte dos noventa por cento dos menos talentosos. Porque, como disse Jesus, enquanto um investe, trabalha, empreende, se arrisca, produz, o outro se esconde, dorme, guarda, espera, consome. A parábola de Jesus resume bem esse princípio: a quem mais tem mais será dado; ao que menos tem, o pouco que tem lhe será tirado.
Injustiça? Outra vez não. O que ocorre é que a natureza, o mundo, a vida, premiam o talento, o trabalho, a competência, a inteligência, a atividade, o empreendedorismo, e não a passividade, a acomodação, a preguiça, a incompetência e a falta de ousadia. Por isso a parábola de Jesus manda que o talento de quem recebeu um seja tirado e dado ao que recebeu dez.
Isso não quer dizer que um bom governo não deva financiar programas sociais. Deve sim. Bons programas que forneçam ferramentas e condições para que todos possam ter oportunidades iguais, independente dos dotes pessoais com que a natureza os tenha aquinhoado. E isso está principalmente na estrutura social de um Estado bem organizado, que proporcione especialmente saúde, educação e treinamento profissional, aliado a um programa de incentivo á novos empreendimentos, ao desenvolvimento da tecnologia e ciência, para que a economia cresça e se fortaleça o suficiente para dar bons empregos, renda e salários para as pessoas.
Não adianta ficar distribuindo o que não tem. O PT quis fazer isso e deu no que deu. A política chavista na Venezuela também e quebrou o país. Cuba socializou a miséria durante mais de cinquenta anos e só depois de sacrificar duas gerações percebeu que era hora de mudar. Ainda assim a mudança é tão lenta que talvez sacrifique ainda mais uma. É certo que Cuba, como o Brasil, fez algumas importantes conquistas sociais. Principalmente na educação e na saúde. Mas o que adianta formar centenas de médicos, engenheiros e outros técnicos se eles depois irão trabalhar como atendentes de hotel, mascateiros e motoristas de táxi para turistas estrangeiros endinheirados? Ou então médicos que vêm trabalhar em regime de semiescravidão nos grotões do Brasil ou da Bolívia recebendo minguados salários cuja metade é confiscada pelo governo?
É nisso que o discurso do Temer promete. É certo que promessas não significam nada, pois como dizia o prefeito Canavieira, aquele bizarro personagem do Chico Anísio, palavras são palavras, nada mais do que palavras.
Mas desse ponto de vista é salutar que se revise a política esquerdista praticada pelo PT e se apliquem novas estratégias para corrigir as distorções que elas criaram. Isso sem prejudicar aqueles direitos sociais que alavancam, não uma falsa ascensão social baseada apenas em consumo de bens supérfluos, mas sim a possibilidade dos menos aquinhoados pela fortuna ascenderem pelos seus próprios méritos.
Trabalho e oportunidades sim, esmolas não. Pois como bem já dizia o velho Sêneca, filosofo romano dos tempos de Nero, quem distribui pão e circo não quer pessoas livres e felizes, mas sim um povo indolente e domesticado. É bonito ver uma Copa do Mundo e uma Olimpíada sendo realizada aqui. Mas seria bem melhor se as pessoas, depois de torcerem e se divertirem tivessem certeza de que ainda estão empregadas ou que o oficial de justiça não está vindo bater nas suas portas para levar a TV e a geladeira que não deu para pagar.
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 13/05/2016


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