A diferença entre o pessimista e o otimista é que o pessimista, quando não tem razão sai no lucro e o otimista, na mesma condição, se ferra.
Por natureza, sou otimista. Sempre achei que por mais escuro que o túnel seja, sempre se pode ver uma luz no fundo dele. Já fui atropelado várias vezes por causa disso, mas insisto. Dei meu apoio ao impeachement da Dilma por que achei, e continuo achando que ela não tinha mais condições de governar. Aliás, ela pouco governou nesses cinco anos que esteve á frente do governo. Continuou sendo mais a guerrilheira que foi durante o regime militar do que presidente. Arrogante, autoritária e mais militante ideológica do que politica e administradora, deixou que seus ajudantes e aliados saqueassem os cofres públicos de uma maneira tão descarada que só por isso já merecia ser afastada. Negligência e imperícia, quando se trata da coisa pública já merece castigo, quanto mais omissão e descaso, para não falar em cumplicidade, pois dizer que não vê e não sabe do que acontecendo debaixo do seu nariz só pode enganar quem está mesmo muito engajado.
Torci para ela ser impedida, mas não estou nem um pouco empolgado com o Ministério que o Temer montou. Achei bom o Meirelles e creio que se a Dilma tivesse atendido o Lula e o tivesse colocado para comandar a economia ela talvez tivesse se salvado.
Mas, salvo dois ou três ministros nomeados pelo Temer, o resto não inspira nem um pouco de confiança. Aliás, boa parte deles está sendo investigada pela Lava a Jato, com boas probabilidades de virarem réus.
Claro que o fato de estarem sendo investigados não o faz culpados por antecipação. É diferente dos petistas, que já tem vários condenados e alguns, inclusive, já cumprindo pena. Há que se dar um crédito a eles. Mas Temer perdeu a chance de começar com mais esperança e confiança do povo brasileiro. Isso ele certamente teria se tivesse formado um ministério menos político e mais técnico, com profissionais com passados menos nebulosos do que a turma que ele chamou para governar com ele.
De certo que ele precisa dos políticos para governar. Mas ele, mais que ninguém, sabe que politico só tem lealdade a si próprio. Enquanto conseguirem enxergar proveito pessoal em apoiar o governo, apoiarão, mas se o governo fracassar, ou se virem sua posição pessoal ameaçada, entregarão sua cabeça em uma bandeja como fizeram com a Dilma.
Dilma mereceu o que aconteceu com ela. Quem faz pacto com o diabo tem que saber que o inferno é o seu destino inevitável. Temer tem a chance de fazer história. Melhor terminar seu governo com baixa popularidade, fazendo o que tem de fazer para recolocar o país nos trilhos, do que ficar fazendo concessões aos vendilhões do Templo que tomaram de assalto o Congresso Nacional.
E faria muito bem em não se assustar com as demonstrações dos inconformados que temem perder as benesses conquistadas no governo bolivariano da Dilma. Eles nunca fizeram por merecer mesmo.
Por vias da dúvida, vou conservar meu otimismo. Se a luz que parece estar no fim do túnel for a de um trem, e eu for atropelado de novo, como fui quando acreditei no Lula, apelarei para o meu velho professor de filosofia: “ quanto mais eu me engano com os homens” disse ele, “eu mais procuro acreditar em mim mesmo".
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 22/05/2016
