João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


Direita ou esquerda, pouco importa. O nosso problema nunca foi de ideologia política. Que aliás nunca tivemos. No Brasil, e por que não dizer, em toda a América Latina, quando a esquerda conquista o poder ela guina para a direita e quando o poder está com a direita ela flerta descaradamente com a esquerda para dar fumos de governo preocupado com as questões sociais.
Senão vejamos: Getúlio Vargas, por exemplo, era um fazendeiro gaúcho, com simpatias pelo fascismo, mas firmemente apegado ao coronelismo gauchesco que sempre foi a marca da política rio-grandense. A aventura caudilhesca e o consequente golpe de Estado que ele deu foi muito mais uma reação, eu diria bem peemedebista como a que Temer fez agora com a Dilma, contra a hegemonia do eixo São Paulo-Minas, que dominava até então toda a política da novel república brasileira. Instalado no poder Getúlio começou a flertar com as esquerdas e a dar espaço para os movimentos sociais, não porque fosse um verdadeiro socialista, mas simplesmente para atrair o apoio popular para a sua causa. Obtido esse apoio foi logo implantando uma ditadura.
Esse é o problema. Nossos políticos, sejam de esquerda ou de direita, só conhecem uma ideologia: o populismo demagógico. Foi assim com Getúlio, com Juscelino, com os generais da ditadura, com Sarney, Collor, Fernando Henrique, Lula...Todos flertaram com a social-democracia, pensando não no povo, mas nos seus próprios projetos de poder.
Por essa e outras razões, mais essa que outras, o povo brasileiro não se organiza, não busca uma identidade própria, nem consegue se auto gerir. Está sempre á espera de um Messias que venha resolver os seus problemas e lhe mostre os caminhos que ele mesmo devia procurar e abrir.
Não é o PT o culpado de todas as mazelas que estamos vivendo no momento. O PT é uma consequência da fragilidade da nossa consciência democrática. Um país onde tudo se espera do Estado. Onde tudo tem que ser organizado pelo Estado. Onde os ricos esperam que o Estado atue para defender o seu patrimônio e os pobres que o Estado os ajude a obter uma fatia dele. Nota-se isso no paradoxo dos nossos artistas e intelectuais, que gritam por liberdade de expressão, mas querem cada vez mais um Estado patrono para financiá-los. São como filhos pródigos que querem ser livres desde que o pai os sustente.
Precisamos pensar um pouco mais nessas coisas. Uma democracia sólida, saudável e verdadeiramente progressista é aquela em que o próprio povo se organiza. Que não precisa de tantas leis para regular o convívio das pessoas, porque as próprias pessoas definem seus direitos e deveres e os respeitam. Que não precisa de tanto governo porque as próprias pessoas se governam. Que não precisam de tanto Estado para prover e regular suas vidas porque elas mesmas se bastam e sabem quais são seus limites. Que não precisam de programas sociais criados por governos populistas porque eles mesmos se organizam e suprem suas necessidades.    
Estado custa caro. Quanto maior for a máquina burocrática que tivermos que sustentar maior será o nosso esforço para custeá-la. O PT quebrou o país porque aumentou de tal forma a máquina do Estado que a maior parte dos recursos que o país tinha foi desviada para a sua manutenção. Sem contar a corrupção, que aumenta na mesma proporção em que a máquina pública se expande. Quanto mais licenças, carimbos, alvarás, formulários a preencher, tivermos que comprar, e quanto maior for o número de funcionários públicos dispostos a vendê-los, mais cara torna-se a nossa vida. Não é o peso dos impostos que nos esmaga. Mas a sim as patas de um Estado paquidérmico, rançoso e corrupto, que os nossos Messias, de esquerda ou de direita, sempre souberam usar muito bem.
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/05/2016


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras