João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

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VEREADOR NÃO É PROFISSÃO

 
Dos 23 vereadores eleitos neste último domingo em nossa cidade, quatorze foram por vias de reeleição. Alguns deles já vão para o tempo necessário para uma aposentadoria. Isso mostra que eles devem ser muito bons porque têm conseguido conservar a fidelidade de seus eleitores, como aliás, fazem as melhores marcas comerciais do mercado.
Nisso tudo só tem uma coisa de ruim: inibe o surgimento de novas lideranças e a necessária oxigenação do meio político. São sempre os mesmos. E com isso criam-se feudos e cristalizam-se as práticas, nem sempre salubres, que vemos todos os dias em nossas casas legislativas.
O nosso sistema político favorece o continuísmo. Vereador, deputado, senador, aliás, nenhum representante eleito para as nossas Casas Legislativas devia fazer de seus cargos uma profissão. Ninguém deveria ser eleito para o mesmo posto mais de duas vezes. Dois mandatos consecutivos devia ser a norma. Se assim é para o executivo, porque para o legislativo tem que ser diferente?
A política é uma profissão respeitável e os políticos são necessários. Mas o bom político é aquele que coloca sua competência profissional á serviço da sua comunidade para servi-la e não para se servir dela. Não é como disse o Lula, que para justificar toda a roubalheira que seu partido promoveu, rebaixou o funcionário público concursado e elevou o político aos píncaros da glória. Lula disse que o político se submete a um novo concurso a cada quatro anos, enquanto o funcionário público concursado faz prova uma vez só e fica assegurado pelo resto da vida. É verdade. Faltou só ele dizer que o concurso que os políticos se submetem é um pleito viciado, no qual aqueles que já estão no cargo saem com uma larga margem de vantagem sobre os demais.
O saudoso Waldemar Costa Filho dizia que quem já está no cargo só perde se for muito ruim. Ele tinha razão. É o caso do vereador, por exemplo, que tem quatro anos para fazer campanha, enquanto que os demais concorrentes só tem o tempo exíguo que lhes concede a lei. Isso além das demais facilidades que o cargo lhes concede. Como lutar com tanta desigualdade?
Ainda assim, trezentos e tantos concorrentes saíram ás ruas para disputar uma vaga na Câmara Municipal, mesmo sabendo que menos da metade delas estava realmente no jogo. A maioria já tinha dono e só será posta em disputa quando o seu ocupante morrer ou resolver desocupá-la por moto próprio. Isso mostra que o negócio é bom e vale a pena qualquer sacrifício para ganhar a vaga.
Nossas câmaras municipais, e não falo só da nossa cidade, estão mais para a Academia Brasileira de Letras do que para uma casa Legislativa. Recheadas de imortais. Fico a pensar se essas vagas atrairiam tantos candidatos se o cargo de vereador fosse preenchido por voluntários. A propósito, quem se candidata a ser o próximo presidente da APAE, por exemplo?  

 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 03/10/2016
Alterado em 03/10/2016


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