Agora que meu outono de cismas está ameno,
Eu já não ouço a voz magoada do queixume,
Injetando no meu sangue o rancor do veneno,
Que pôs no meu coração o inverno do ciúme;
O triste tempo que prometia ser permanente,
Sem aceitar qualquer desculpa ou explicação,
Quase podou até a derradeira folha renitente,
Que resistia á essa cruel e terrível desolação.
Mas tudo isso agora é só uma má recordação,
Porque a primavera já mostra os seus matizes
E nossos corpos ávidos já antecipam o verão.
É como voltar da guerra depois do armistício,
Guerreiros feridos retornando aos seus países,
Sem saber por que fizeram tamanho sacrifício.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 08/07/2017