João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


                        A GANGORRA DOS MISERÁVEIS


     Em 1776 o filósofo escocês Adan Smith publicava pela primeira vez o seu estudo sobre as causas da riqueza das nações. Não por acaso ele defendia um liberalismo econômico sem medida e com um mínimo de controle governamental, sustentando que as nações ricas eram aquelas que permitiam o livre fluxo dos capitais, estimulavam a acumulação da riqueza e garantiam a liberdade para todos aqueles que quisessem e pudessem exercer uma atividade econômica produtiva e de bons resultados. Quanto á distribuição da riqueza produzida, isso aconteceria naturalmente porque o ser humano é egoísta por natureza e o egoísmo era o melhor agente regulador das atividades humanas. Em um mercado livre existe uma “mão invisível” que cuida disso, dizia ele. 
    A História mostrou que não é bem assim. Pois a espécie humana é predadora por natureza e não pode ser deixada por conta unicamente de seus instintos. Há que se ter mecanismos de controle e governabilidade, que aliás, as nações mais desenvolvidas já conseguiram desenvolver.

     Por coincidência, 1776 foi exatamente o ano em que eclodiu a guerra de independência das colônias americanas, que resultou nos Estados Unidos da América. Smith era representante de uma elite econômica que havia transformado a Inglaterra na nação mais rica e poderosa do mundo, graças ao empreendedorismo de seus comerciantes e industriais, os quais promoveram a primeira revolução industrial e alargaram as fronteiras do mundo conhecido, muito mais para vender os produtos que se faziam na sua ilha do que propriamente para garantir a felicidade geral da humanidade. Era, portanto, bastante lógico que ele defendesse uma ideologia direitista, centrada no individualismo e na mais exacerbada liberdade de mercados. Aliás, Smith acreditava que poder político, militar, econômico, ou qualquer outro tipo de influência era pura consequência do controle que uma nação pode ter sobre os mercados e só pode ser conquistado e sustentado quando a nação é forte economicamente e não apenas militarmente.
     A Inglaterra descobriu isso cedo e os Estados Unidos, seu sucessor imediato na liderança do mundo, também. Os alemães só iriam descobrir isso cento e cinquenta anos mais tarde e depois de duas guerras mundiais onde por pouco a própria Alemanha quase deixou de existir. Os russos precisaram de setenta anos de experiência comunista para chegar á conclusão que poder militar e controle estatal sobre a vida econômica dos cidadão não garantem a prosperidade de um povo nem lhe trás felicidade. Só faz a economia patinar na pobreza porque seus meios de produção se tornam obsoletos e os agentes públicos acabam se perdendo na natural corrupção que toma conta da máquina pública quando esta não tem nenhum policiamento da sociedade.
     Já os chineses e os japoneses, graças ao proverbial pragmatismo oriental, não precisaram de tanto tempo nem de muitas experiências políticas para aprenderem tudo isso, embora os japoneses também tivessem sofrido com a febre militarista que vitimou italianos, russos e alemães na primeira metade do século XX, acreditando que a felicidade se conquista á força. Mas eles sararam a tempo e se recuperaram logo. Descobriram que arados, tratores, fábricas e tecnologia de ponta são muito mais poderosos que tanques, canhões e soldados armados. E que a defesa de um país se faz muito melhor com unidades produtivas eficientes e uma prodigiosa multidão de cabeças e braços trabalhando com inteligência, saúde e tecnologia de ponta. 
     Educação, saúde, investimentos em tecnologias de produção, ciência, saneamento básico e desenvolvimento de um forte mercado consumidor são muito mais eficazes para fazer a felicidade de uma nação do que ideologias distributivistas – que nada produzem para distribuir e acabam socializando a pobreza - e programas sociais eleitoreiros, que só ajudam as pessoas a ficarem mais pobres com suas utopias enganadoras. 
     As ideologias de esquerda ainda não se curaram dessa dengue que provoca a preguiça, a moleza, a conformidade, a falta de auto-estima e a consequente pobreza que acompanha esses estados de prostração orgânica e intelectual que atinge quem não aprende a ganhar a vida pelo próprio esforço.  Ainda acreditam que a justiça e a felicidade geral de uma nação se conseguem com a distribuição irrestrita e irresponsável da sua riqueza, ainda que essa nação seja pobre e não tenha muito para distribuir. Não é toa que são sempre os povos mais miseráveis que são atraídos por esse tipo de ideologia. Povos que já conquistaram certo nível de desenvolvimento econômico não querem nem falar nisso. Usam métodos mais eficientes de distribuição, como por exemplo, mantendo bons sistemas de saúde, educação, transporte, saneamento básico, segurança e um mercado produtor e consumidor forte para garantir o nível de emprego e uma boa renda per capita que permita uma boa qualidade de vida para a maioria dos cidadãos. Tudo isso sustentado por um eficiente sistema tributário que cobre na medida exata, de todos os cidadãos, a contribuição devida, e não deixe que os recursos públicos acabem sendo drenados para o bolso de alguns poucos, como tem acontecido em nosso país.
     Os velhos mestres de Israel sempre disseram que não se deve dar a um homem meios de sobrevivência, mas sim condições para que ele possa ganhar a vida por si mesmo. Com isso, dizem eles, evita-se a gangorra dos miseráveis. Por sua vez, Abraão Lincoln disse que ninguém acabaria com os pobres espoliando os ricos.  Certo que o velho Abe era o presidente de uma nação claramente smithiniana e profundamente darwinista como são os Estados Unidos da América. Lá sempre se acreditou, e até hoje se acredita, na seleção natural das espécies e na “mão invisível” que dirige o capital e o trabalho para produção e a distribuição dos produtos que o povo mais necessita.  Ao governo cabe apenas a tarefa de mediação e controle dessa atividade para que os conflitos que naturalmente se estabelecem entre oferta e procura, produtores e consumidores, capitalistas e trabalhadores, normais em qualquer sistema, não se acirrem ao ponto de provocar o desequilíbrio na sociedade. 
     Há ideólogos de esquerda que dizem que Jesus era socialista, ou comunista, porque seu grupo mantinha seus parcos bens em comum e ele advogava a necessidade de uma reforma social. Ele acreditava que “só os pobres entrariam no reino de Deus”. Quanto aos ricos, dizia ele, era mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que entrarem nessa terra da definitiva paz e felicidade que ele pregava.          Talvez fosse. Afinal, poucos personagens na história do mundo foram tão controversos quanto Jesus. Mas a melhor lição de capitalismo ─ que nem Adan Smith foi capaz de superar─ foi ele quem nos deu com a sua famosa parábola dos talentos. Aliás, se os ideólogos de esquerda, desta nossa pobre América “Latrina”, fizessem uma releitura desse e de outros ensinamentos de Jesus, duvido que eles continuassem sustentando lideranças como os Irmãos Castro, Nicolas Maduro, Evo Morales, Lenin Moreno (que não se perca pelo nome) Lula e outras tranqueiras esquerdistas,  ao invés de buscar a modernização dos seus países, para que possam competir com mais eficiência nos grandes mercados mundiais. Parece que o único pressuposto que as nossas esquerdas aprenderam na Bíblia foi aquele que diz: “ aos pobres sempre os tereis convosco”. E fazem tudo para que esse pressuposto se confirme.
      A propósito, fica aqui a nossa torcida pelo povo venezuelano. Que esse fruto da esquerda, que é mais podre do que “Maduro”, caia logo para que essa boa gente do nosso ora infeliz vizinho possa sorrir de novo e acreditar num futuro mais promissor.



 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 31/07/2017
Alterado em 01/08/2017


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