A primavera surgiu com seu vestido de clorofila.
Dos campos nos chega um doce odor de alecrim,
Como se o vento acabasse de digerir um jardim,
Para dele tirar o perfume que pelas tardes destila.
Nuvens vaporosas ─ ninfas vestidas de anágua ─
Dançam no céu como noivas feitas de algodão.
E ao findar da tarde, o vento faz prestidigitação
Tirando do ventre delas tíbias borboletas d!água.
É então que o sol se deita sobre a terra excitada,
E ela, como mulher que foi amada com talentos,
Paga seu prazer com vistosos canteiros grávidos.
Em nossa cama somos o sol e a terra fertilizada,
Tentando alimentar na emoção destes momentos,
Um verão que acontece em nossos corpos ávidos.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 22/08/2017
Alterado em 13/09/2017