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- Introdução
O fenômeno "deficiência física ou mental", que nunca conseguiu uma adequada definição, em nenhuma linguagem até hoje desenvolvida pelo ser humano, sempre carregou em seu bojo elementos de rejeição, discriminação e preconceito. Para dizer a verdade, a nossa sociedade não encontrou, até agora, uma fórmula adequada para se lidar com esse fenômeno, que é histórico, sociológico e político ao mesmo tempo, e por isso suscita tantas controvérsias e disputas. São muitas as propostas e experiências já feitas para inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, algumas mais bem sucedidas que outras, mas todas, no fim, acabam por ter que lidar com o resíduo de uma amargura que fica, quando não se consegue o resultado pretendido, ou com uma esperança que cresce quando esses resultados são bons. E isso só corrobora o pressusposto já provado por aqueles que lutam pelo bem estar da humanidade, de que, por mais egoístas que possamos ser, somente um ser humano pode, de fato, ajudar outro ser humano. Há uma longa história para ser contada atrás das ações sociais que buscam a inclusão das pessoas com deficiência física ou intelectual. É uma luta inglória que só mesmo as pessoas que convivem com esse problema podem contar. Uma luta, que muitas vezes elas travam sozinhas, pois é notória a ineficiência do Estado na promoção de políticas públicas e sociais eficazes, capazes de resolver o problema dessas pessoas e suas famílias. Destarte, o que se nota é sempre o surgimento de famílias e pessoas, que em face do problema que elas vivem em suas próprias casas, se empenham em quebrar paradigmas e buscar soluções alternativas para que seus entes queridos possam reunir condições de viver em uma sociedade competitiva que tende a excluir as pessoas, já pelo simples motivo de serem menos qualificadas, física ou intelectualmente. E muito mais aquelas que se apresentam com algum tipo de deficiência intelectual ou física. É nesse contexto que situam as APAES. Surgidas da mobilização de famílias que viviam, em suas casas, esse problema, ou de pessoas que se sensibilizaram com a angústia vivida por elas, as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais, nasceram para colocar um conteúdo de amor nesse vácuo que um Estado descomprometido e ausente sempre teve dificuldade para preencher. E na sua luta para gerar um modelo capaz de promover a inserção dessas pessoas na sociedade, com um mínimo de garantia de que elas pudessem superar as barreiras do preconceito, da rejeição e da discriminação que sempre as vitimou, esses abnegados cidadãos acabaram atraindo o olhar das próprias autoridades para o problema. Hoje, a luta dos voluntários e dos profissionais, que são milhões no mundo inteiro, integra uma gigantesca organização que se propõe a educar, prestar atendimento médico, profissionalizar e suprir as necessidades básicas de sobrevivência das pessoas com deficiência e garantir, na forma da lei, os seus direitos, no que tange a inclusão social. Essa gigantesca mobilização conta hoje com o apoio de voluntários e profissionais dos mais diversos ramos de atividade. Comprometidos com essa luta, eles empreendem estudos e pesquisas, trocam entre si informações e experiências, sensibilizam uma boa parcela da sociiedade, gerando uma formidável rede de amor, cujos resultados têm sido dignos do maior louvor. No Brasil, as APAES contam com cerca de 250 mil pessoas trabalhando por essa causa, organizadas em mais de duas mil unidades. Esta é a história da APAE em Mogi das Cruzes, história essa que completa cinquenta anos. Nela incluem-se personagens a quem nossa cidade deve os maiores encômios. Não só pelas obras que realizaram em suas vidas, as quais garantiram a perpetuidade de seus nomes em nossas ruas, monumentos, praças e escolas. Mas simplesmente porque foram protagonistas desta história de amor e abnegação, que elas escreveram ao fundar, desenvolver e manter a APAE de Mogi das Cruzes. Em honra delas e por causa delas é que fizemos este registro.
Nota: Este texto é uma introdução preparatória ao livro dos cinquenta anos da APAE em Mogi das Cruzes. Quem tiver alguma informação sobre a história da APAE em Mogi das Cruzes, sobre seus fundadores, alunos que foram orientados nessa organização e conseguiram sucesso em sua inclusao social, ou qualquer outra experiência envolvendo a APAE Mogi das Cruzes, e quiserem prestar algum depoimento a respeito, entrar em contato conosco por este site. A APAE agradece.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 04/10/2017
Alterado em 04/10/2017
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