RECADO AOS POLÍTICOS
No tempo em que os animais falavam, houve um fazendeiro que mantinha alguns bois em sua fazenda. Eles eram muito úteis, principalmente para fazer o trabalho pesado da propriedade.
Um dia, um dos mais fortes e sacudidos daqueles bois caiu em um buraco fundo e estreito, e lá ficou preso de tal modo que não conseguia sair por si mesmo. Por mais que se debatesse e tentasse escapar, só conseguia se ferir mais e mais a cada tentativa.
Ao ouvir seus mugidos, o fazendeiro correu em seu socorro, mas ao ver a situação do animal, encalacrado naquele buraco fundo e estreito, todo ferido, logo desanimou. Seria impossível tirá-lo dali. Ele estava entalado de tal maneira que qualquer tentativa para resgatá-lo, além de difícil e custosa, seria, a seu juízo, infrutífera, pois o boi já estava muito machucado e certamente morreria.
Então ele chamou alguns de seus empregados e mandou que o sepultassem de vez naquele buraco. Seria, com certeza, uma solução mais barata e lógica, além de poupar sofrimento ao animal, que estava se machucando cada vez mais com suas tentativas de escapar.
Os empregados começaram a jogar terra dentro do buraco. Mas quanto mais terra eles jogavam, mais o boi se sacudia, fazendo a terra se espalhar em baixo dele. Em consequência, a terra foi se acumulando no fundo e ele foi subindo para a superfície á medida que o buraco ia sendo enchido. Depois de algumas horas daquela operação, o boi foi tirado do buraco, bastante ferido, mas bem vivo.
─ Graças a Deus conseguimos salvá-lo. Eu já estava conformado em perder o melhor boi da minha fazenda. Agora vamos embora, que temos muito trabalho a fazer ─ disse o fazendeiro para o boi, na maior alegria, tentando meter uma canga no seu pescoço e puxá-lo para o campo.
─Aqui para você ─ respondeu o boi, metendo uma chifrada no traseiro do fazendeiro. ─ Eu estou vivo pelo meu próprio esforço. Se fosse por sua conta eu já estaria morto e enterrado. Para você eu não trabalho mais. Vá procurar outro bobo que derrame suor para enriquecê-lo, e na primeira dificuldade que tiver que enfrentar, consinta em ser esquecido e enterrado vivo. Quanto a mim, vou procurar outro patrão que tenha mais respeito pelo meu trabalho.
E lá se foi o boi falante. E os outros bois, ouvindo e vendo tudo aquilo, resolveram acompanhá-lo, deixando o fazendeiro ingrato boquiaberto e sem fala.
Dedico essa fábula a todos os políticos, que depois de eleitos se comportam igualzinho a esse fazendeiro. Para lembrá-los que o ano que vem haverá eleições e nosso voto merece respeito. Todos os traidores, corruptos e safados, que pensam que seus eleitores são animais de carga que só servem para enriquecê-los, haverão de receber a devida recompensa.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 21/11/2017