QUANDO UMA ESTRELA MORRE
O universo é uma estrela de extraordinária magnitude, concebida para conter todas as demais estrelas. Quando uma delas morre, imediatamente ele suscita outra para preencher o vácuo que a estrela morta deixou. Sem essa substituição, o universo entraria em colapso, pelo desequilíbrio de forças que então ocorreria.
O tiro que a 8º turma do Tribunal da 4º Região, em Porto Alegre, deu no peito do PT ontem, ao manter a condenação de Lula, ampliando ainda mais o tamanho da pena, pode representar a morte da estrela do partido.
O placar acachapante de 3x0 não deixa dúvidas que o cediço discurso petista, de que o seu líder está sendo vítima de uma conspiração, caiu definitivamente no vazio. Pois agora já são quatro juízes, convictos de que o ex-presidente não só prevaricou no exercício das suas funções, como também retirou proveito pessoal das práticas ilícitas que exerceu e deixou exercer enquanto supremo mandatário da nação. A esta altura, só mesmo os fanáticos usuários da estrelinha vermelha, contaminados pelo escotoma lulo-petista, ainda conseguem ver no processo que condenou o seu líder uma conspiração para alijá-lo da corrida presidencial.
Do que se viu no julgamento de Porto Alegre é que a campanha sistemática que os petistas e seus simpatizantes da esquerda, na mídia e nos vários segmentos sociais, deflagraram para pressionar os desembargadores e criar um ambiente favorável à absolvição do seu “chefão” não funcionou. Os julgadores foram objetivos e não se contaminaram com o viés político-ideológico que se tentou dar ao julgamento. Nenhum dos três desembargadores se afastou do comportamento profissional que um magistrado deve ter no julgamento de um processo desse teor, independente do fulgor midiático que ele possa espargir.
Para os julgadores tribunal de Porto Alegre, há farta prova documental, além de testemunhais e outras evidências claras da culpabilidade de Lula. E deixaram evidente que foi a presença e a atuação dele no exercício do mais alto cargo da República que proporcionou a oportunidade para a montagem do esquema criminoso que solapou os cofres da Petrobrás e de outras empresas estatais, tudo em nome de um projeto de poder, que como o Reich de mil anos de Adolf Hitler, deveria promover a redenção do povo brasileiro.
A esperança dos petistas, de que Lula pudesse transformar o julgamento de Porto Alegre em um Tribunal de Munique, quando o “rídiculo cabo da Bohêmia”, como os políticos alemães chamavam Hitler em 1924, malogrou. A condenação de Lula não tem nada de política. Ele é apenas um criminoso comum.
O problema, como diz Stephen Hawking, é que quando uma estrela morre, ela cria um vácuo em volta de si que pode arrastar para um buraco negro tudo que gira em volta dela. E enquanto uma nova estrela não atinge maturidade suficiente para equilibrar o caos que isso provoca, o universo permanece em desequilíbrio. Na infinitude da duração e na amplitude da estrutura universal isso pode ser imperceptível por nós. Mas muitas coisas acontecem nesse ínterim. A estrela do PT pode estar começando a morrer. O que virá em seguida, só Deus pode prever.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/01/2018