João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


Não é preciso ser fã de telenovelas para se ter uma idéia do porque os autores costumam fazer os mocinhos sofrerem durante a trama toda e só no final se darem bem.  É que todo bom autor sabe que a nossa estrutura sentimental está fundamentada na esperança de que, no fim, tudo dê certo.
Mas como nas novelas tudo sempre acaba bem, dois dias depois já nos esquecemos como foi que ela terminou. Exemplo disso é a história de Romeu e Julieta, que continua a dar IBOPE até hoje. Ela faz sucesso porque é uma história que acabou mal. Se Shakespeare tivesse bolado um final diferente para ela, fazendo os jovens terminarem juntos e felizes para sempre, ninguém mais se lembraria deles. Mas como tudo deu errado, o nosso inconsciente, a cada vez que assistimos ao drama dos jovens amantes de Verona, vive esperando que, um dia, o final possa ser diferente. 
Talvez tenha sido por isso que Jesus escolheu terminar a sua missão daquele modo. O que teria acontecido se Pilatos fosse um juiz corajoso e justo, defensor da democracia e dos direitos humanos, e enfrentasse o Sinédrio judeu, libertando Jesus e permitindo que ele continuasse a pregar suas idéias até a velhice, morrendo de morte natural, rodeado de filhos e netos, como naquele romance do Níkos Kazantzákis, que virou filme famoso e quase matou os cristãos ortodoxos de urticária? Quem já ouviu falar de um cara chamado Simão Cananeu, o Mago da Galiléia? Pois esse cara viveu na mesma época de Jesus e foi, em vida, mais famoso que ele.  Ninguém fala dele hoje, mas Jesus se tornou um super star... O que queremos dizer é que a nossa mente tem o estranho costume de arquivar rapidamente o que deu certo e a mania de “consertar” o que deu errado. Por isso fica a remoer mágoas passadas, a lamentar pelas coisas que não fez, pelas decisões que não tomou, pelas palavras que não disse, como que a querer encontrar um novo final para as coisas erradas que acontecem no nosso dia a dia.
Mas a vida não é uma novela e nós não precisamos de histórias tristes para ser recordadas com lágrimas nos olhos. Jesus Cristo é um só. Por isso será melhor que ensinemos a nossa mente a não cultivar essa mania de querer construir “finais felizes” para histórias que terminaram mal. Enterremos nossos mortos para podermos escrever mais histórias com finais felizes.  Não temos que andar pela vida como se estivéssemos acompanhando o nosso próprio funeral, como o personagem de Vida e Morte Severina. Isso vale também para a nossa vida política. Lula está na cadeia e aqueles que tiveram a oportunidade de fazer e não fizeram não vão fazer agora. Quem faz as coisas sempre do mesmo jeito só pode obter sempre o mesmo resultado. A hora é de mudar. Aproveitemos a oportunidade para não termos que ficar lamentando depois.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 17/08/2018
Alterado em 17/08/2018


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