A casa era tão grande, quanto o coração do meu pai
E o útero da minha mãe.
Eram tantos os cômodos e os afetos, e por isso foram tantos os irmãos.
O mundo roubou-me a maioria, e a morte levou o resto.
Sobraram os livros nas prateleiras, as velhas louças na cristaleira, os retratos nas paredes, e os fantasmas nos corredores.
É com eles que eu tomo o chá da tarde, ouvindo uma valsa de Mozart.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 23/08/2018
Alterado em 23/08/2018