Na ilusão dos meus castos desvelos
Essa lua projeta uma visão argentina;
Mas não é como a dos teus cabelos
Quando a luz das estrelas os ilumina.
Pois que neles o reflexo dos grampos,
E a prata das estrelas, em luz refletida,
São um berçário de bebês- pirilampos
Em seus primeiros momentos de vida
No meu amor, esse corpo tão sarado,
Virou o tirano que a nós ambos pune;
A ela, por exigir um máximo cuidado,
E a mim por que provoca tanto ciúme.
Ela ocupa inteiro o meu pensamento,
E por maior que seja o meu empenho,
Não importa lugar, assunto, momento,
Ela é a única memória que eu tenho.
É que, para estes meus olhos gulosos,
Não existe uma imagem mais saborosa .
Do que a textura desses lábios sedosos
Que se abrem como um botão de rosa.
E nos olhos brilhantes do meu amor
Eu vejo a luz de uma manhã dourada,
Que faz corar até mesmo o esplendor
Que só se acha no fulgor da alvorada.
Talvez por isso é que o sol, aborrecido,
Permitiu que aquela nuvem o cobrisse
Lá ficou por um dia inteiro escondido,
Esperando que o meu amor dormisse.
Quem sabe, é o sol que tem vergonha,
Por sua luz não ser assim tão brilhante,
E quando some, é com isso que sonha:
̶ Roubar dos teus olhos esse diamante.
Estar contigo é o meu prazer constante.
Teu amor é síntese de todos os amores,
Mas como estou dos teus olhos distante,
O meu coração é um repertório de dores.
Porém, um dia, estarás nos meus braços
E eu nunca mais me sentirei tão sozinho.
Os meus passos seguirão os teus passos
E o teu caminho há de ser meu caminho.
Para provar que tudo não é só aventura
Pretendo te dar a maior prova de amor
Te levando para morar numa cobertura,
Que só existe num coração de trovador.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 08/12/2018
Alterado em 08/12/2018