A primavera surgiu com seu vestido de clorofila.
Do campo nos chega um doce odor de alecrim,
Como se o vento acabasse de digerir um jardim,
Para dele tirar o perfume que pelas tardes destila.
Nuvens vaporosas ─ noivas vestidas de anágua─
Desfilam no ar, como ninfetas feitas de algodão.
E ao findar da tarde, o calor faz prestidigitação,
Tirando do ventre delas tíbias borboletas d!água.
É então que o sol se deita sobre a terra excitada,
E ela, como mulher que foi amada com talentos,
Paga seu prazer com vistosos canteiros grávidos.
Em nossa cama somos o sol e a terra fertilizada,
Tentando alimentar na emoção destes momentos,
Um verão que acontece em nossos corpos ávidos.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 04/05/2019
Alterado em 04/05/2019