Pensar que por toda vida devo aguardar
Como a terra que vive sempre á espera,
Que o sol sobre seu corpo venha deitar
Para nela gestar as crianças–primavera;
Saber que por ela apenas sou lembrado,
Como alguém que é deixado na reserva,
Para ela usar quando for do seu agrado,
Como se fosse o alimento em conserva;
E sei que os olhos dela estão me vendo,
Como oásis no deserto para o peregrino,
Onde ele passa só para saciar a sua sede.
Sei disso e nessa esperança vou vivendo,
Que ela canse dessa viagem sem destino,
E se abandone de uma vez na minha rede.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 27/05/2019
Alterado em 27/05/2019