Talvez eu descobrisse quem sou
Se me fosse informado
Em que edição estou.
Ou que correção pode ser feita
Numa obra que nasceu
Tão tosca e imperfeita.
Sou um poema que um vate
Por incompetência ou preguiça,
Não consegue dar arremate.
Quantas tentativas são permitidas
Para se achar uma alma
Que parece estar perdida?
Uma alma que já procurou à beça
O lugar que lhe cabe
Nesse estranho quebra-cabeça?
É a minha visão que parece exótica
Incongruente, distorcida,
Ou a vida é só uma ilusão de ótica?
Penso, logo existo.
Mas se existo e nada sou
Para que serve tudo isto?
Apesar de tudo tenho fé.
Sigo montado em um touro
Embora caminhe a pé.
E nem me importo onde vai dar
O fim desta estrada,
É a constância no caminhar
Que nos garante a chegada.
Quando chegar talvez descubra
Para que fim aqui viemos,
E para que serve esta suruba
Em que todos nos metemos.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 12/08/2019
Alterado em 12/08/2019