Da janela do meu quarto, eu não vejo no universo as bielas e os rolamentos que os cartesianos enxergam.
Nem o som que vem das estrelas, em noites como esta, se parece com o barulho de um motor a diesel.
Antes, parece com um coro de anjos entoando uma cantata de Handel.
Quem disse que o universo era uma máquina estava pensando apenas em si mesmo.
O que ele ouviu foi o ronco das próprias entranhas digerindo o que jantou e pensou que por trás de toda essa beleza só havia a frieza das leis mecânicas orientando esse processo.
Mas para mim, o universo é um ser vivo que hospeda um coração pulsante e uma alma sensível, que ouve meus pensamentos e os responde com acontecimentos que geralmente eu não entendo,
mas que sei que são estritamente necessários.
Como o corpo da minha amada, respirando calmamente em nossa cama, certamente alimentado por leis que não conheço, mas que resultal em lindos sonhos de amor.
Em noites como esta, e mesmo em todas as noites que não são como esta, o universo está em plena atividade, e as estrelas são milhões de olhos que brilham como os olhos da minha amada, quando sonha.
Porque os sonhos são o acordar para uma vida interior, e o universo é o sonho que a mente do Criador concebe, seus anjos, que são as leis naturais organizam, e nós, o resultado da sua criação, realizamos.
O universo é o resultado do coração de Deus bombeando num movimento de sístole e diástole, o sangue que alimenta tudo isso.
O corpo da minha amada é o universo que se descortina aos meus desejos e se realiza no atendimento de todas as minhas necessidades.
O universo e a minha amada: o ínfimo e o imenso que se consumam em um único processo: O Sonho do Criador.
Os sonhos da minha amada e os sonhos de Deus.
Ambos são belíssimos sonhos de amor.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 22/08/2019
Alterado em 22/08/2019