Não é suicídio, diz o bashi: é um ato de fé.
Um bom negócio que não se faz todo dia;
Pois além de receber a benção de Maomé,
Sempre há uma boa grana para a família.
Dessa forma, lá vai ele com o seu artefato.
Frio e calmo como se fosse um ser biônico.
O seu coração é uma carga maciça de C-4,
Preparada com um detonador eletrônico.
Ele entra no shopping-center calmamente,
Olhando as lojas como se fosse consumidor,
Mas sua mão, tal um Napoleão inclemente,
Por baixo da blusa, acaricia um detonador.
Ele e outros cem irão morrer, dessa sorte,
Uma morte certa, irremediável e sem aviso:
Mas que importa, se por conta dessa morte,
Alah lhe reserva o melhor lugar no paraíso?
E enquanto isso, as setenta virgens de Aláh,
Sensualíssimas, dançam no harém do califa.
Todas abençoadas pelos sheikes e pelo mulá,
Enquanto o bashi, lá no shopping se espatifa.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 20/11/2019
Alterado em 21/11/2019