DOZE QUADRAS
Um orgulhoso, se precisa, não pede;
O caloteiro, quando deve, não paga;
O edifício mal construído sempre cede,
E o alimento não consumido estraga.
O músculo que não é acionado, atrofia,
A bateria que não é ligada descarrega;
O covarde, quando exigido, renuncia,
O homem que nunca busca só entrega.
Coração que muito bate um dia apanha,
Quem vive comprimido um dia estica;
Todo choro sem motivo é pura manha,
Aquele que só quer ir é que sempre fica.
Quem vive descansando um dia cansa,
A saudade quando é triste é nostalgia;
Quem nunca vai ao baile um dia dança,
Quem não serve para esposa acaba tia.
O verdadeiro amor faz o homem forte,
Paixão demais deixa um homem tonto;
Quem só olha para o sul não vê o norte,
Quem quer perfeição nunca está pronto.
O ciúme, quando demais, sufoca o amor,
E o amor que é sufocado um dia acaba;
Nenhum atrito gera luz, mas só calor,
Vela acesa contra o vento sempre apaga.
Quem anda muito devagar chega atrasado,
Mas correr demais nos sujeita a acidente;
Se o vagaroso costuma comer queimado
O apressado sempre come cru e quente.
O jovem rebelde, na velhice se amansa,
Câimbra só dá em quem não se exercita;
Quem vive só esperando nunca alcança,
Só fica solitário quem não se comunica.
Quem só olha para cima pode tropeçar,
Não vê a estrela quem só olha para o chão;
Uma janela fechada não deixa o sol entrar,
Janela sempre aberta é convite para ladrão.
Quem vive desconfiando não tem amigo,
Mas o que muito confia é imprevidente;
Ambição, quando é demais, é um perigo,
Mas sua falta deixa o homem impotente.
Um pau que dá em Chico dá em Francisco
Quem bate em todo mundo vive em guerra;
Quem espera para escolher fica com o “mico”,
Quem escolhe apressadamente sempre erra.
Quem não quer cair não anda nas beiradas,
Um pouco de previdência nunca é demais;
O bom lutador não tem medo de porradas,
Só há equilíbrio quando os pesos são iguais.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 26/02/2021