A CABALA E A FÍSICA QUÂNTICA
A observação do comportamentos das partículas atômicas, objeto da física quântica, tem levado os cientistas a fazer as mais estranhas e interessantes descobertas. E com base nesse conhecimento, explicar como funciona o universo e as leis que o formatam, pois que tudo, no mundo em que vivemos, é formado por essas partículas de energia que interagem entre si e vão formatando a realidade em que vivemos. Embora ela seja estranha, ininteligível e até herética para o homem comum, que foi educado no conservadorismo das religiões reveladas, a aplicação da física quântica na nossa vida diária é uma realidade que não pode ser negada nem pelo mais empedernido dos conservadores, pois ela tem aplicações que mudaram a face da nossa sociedade e da nossa cultura. Muitos aparelhos que usamos hoje dependem da teoria dos quantas. Smartfones, lasers, GPS, MIRs, além das múltiplas aplicações na medicina diagnóstica, nas telecomunicações e nas indústrias de modo geral.
Mas, para o homem comum, como já se disse, a física quântica continua a ser muito estranha, quase sobrenatural, porque parece que ela vai contra a nossa intuição e o senso comum. Schoedringer, físico téorico austríaco (1887-1961), é o autor intelectual de um famoso experimento conhecido como o “o Gato de Schoedringer). Nessa estranha experiência, ele mostra que no mundo das realidades quânticas, fenômenos que parecem impossíveis no mundo factual, podem acontecer.
A sua experiência prevê um gato dentro de uma caixa hermeticamente fechada, onde o bichano pode estar simultaneamente vivo e morto. Isso porque a caixa contém um recipiente com material radioativo e um contador Geiger, aparelho detector de radiação. Se esse material soltar partículas radioativas, o contador percebe sua presença e aciona um martelo, que, por sua vez, quebra um frasco de veneno.
De acordo com as leis da física quântica há duas possibilidades de ocorrência nessa experiência, cada qual com 50% de probabilidade. Primeira, de que as partículas se desintegrem e o contador as detecte. Nesse caso, o martelo seria acionado, o tubo venenoso seria quebrado e o gato morreria. Segunda: as partículas não se desintegram, o contador não detecta nada, o martelo não é acionado e o gato permanece vivo. Como no mundo quântico, uma partícula pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, tanto uma quanto a outra possibilidade ocorrem concomitantemente. Isso quer dizer que, teoricamente, o gato estaria vivo e morto simultaneamente.
No entanto, nós só saberíamos qual a condição real do gato- se vivo ou morto – quando abríssemos a caixa para fazermos uma verificação. Isso porque, em tempo real e para a realidade objetiva, somente uma das possibilidades se apresenta. Encontraremos um gato vivo ou morto, conforme for a possibilidade que se apresentar aos nossos olhos.
Isso quer dizer que, para a física quântica, a realidade objetiva só passa a existir a partir da observação feita pela mente humana. Antes disso, ela é uma mera possibilidade de ocorrência que tem 50% de acontecer ou não. É claro que, na prática, essa é uma ideia difícil de digerir, pois não temos como saber quais as bases quânticas que estão na raiz de um fenômeno qualquer, e figurativamente sempre computamos esses acontecimentos como sorte, azar, bem, mal, Deus, Diabo, etc. quando na verdade, toda realidade objetiva é formada por ondas ou partículas de energia, que assumem esta ou aquela forma em face da observação que dela fazemos em sua manifestação positiva.
Filosoficamente essa teoria tem implicações muito sérias. Significa que a realidade objetiva- aquela em que vivemos- é “formatada” pela mente humana, ou seja, pelo livre arbítrio concedido ao homem, em razão da sua “consciência” da realidade. Isso justifica o postulado defendido pelos defensores da psicologia gestaltiana, de que aquilo que não sabemos que existe não existe para nós. E quando ela passa a existir - em consequencia da nossa conciência do fenômeno- ela já está modificada pela própria consciência que fazemos dela.
Esse princípio também é defendido pelos cultores do direito positivo, presente no pressuposto de que aquilo que não está no processo não está no mundo. E também integra o pensamento de Schopenhauer, para quem o mundo é feito de vontade e representação, ou seja, que o mundo real, aquele em que vivemos e operamos, é um reflexo da sensibilidade que dele temos.
Isso é o que a teoria quântica também nos diz: a realidade física só existe na presença do homem, como resultado da sua observação e medida. Dessa forma, se algo não existe, não existe porque não foi pensado. Depois de pensado, qualquer coisa passa a ter uma existência potencial. Assim, tudo tem 50% por cento de possibilidade de ocorrer ou não. A forma de ocorrência do fenômeno no mundo real passa a ser uma questão de interferência humana.
Aqui temos um importante paralelo entre o que diz a física quântica e os ensinamentos da Cabala. É o que veremos na continuidade deste artigo.