DE QUE LADO BOLSONARO ESTÁ?
DE QUE LADO BOLSONARO ESTÁ?
Em 1938, com a deslavada desculpa de proteger os alemães que viviam na região dos Sudetos, que segundo ele estavam sendo massacrados pelos tchecos, Hitler invadiu a Tchecoslováquia, abocanhando um terço do seu território e metade do seu produto interno bruto. França e Inglaterra, então as potências ocidentais da época protestaram, condenaram o ditador alemão, mas no fim assinaram o Acordo de Munique entregando de mão beijada a nação tchecoslovaca à sanha do ditador. Chamberlain e Daladier, então primeiros-ministros da Inglaterra e França, respectivamente, não tiveram coragem para confrontar o ditador alemão. Alguns meses depois Hitler ocupava a Áustria e voltava suas baterias contra a Polônia, com a mesma desculpa de que os alemães que viviam naquela cidade estavam sendo hostilizados pelos poloneses. Só então as potências ocidentais descobriram que a guerra era a única coisa que pararia Hitler. Mas então já era tarde, e mais de cinquenta milhões de pessoas morreriam por conta disso.
A grande maioria dos historiadores que analisaram as consequências do Acordo de Munique concordam que foi a fraqueza dos líderes ocidentais que incentivou Hitler na sua escalada militar. Todos acordam que se Chamberlain e Daladier, com o apoio dos americanos, tivessem resistido às pretensões do ditador alemão em Munique, provavelmente a segunda guerra mundial não teria ocorrido.
É, mais ou menos, o que está acontecendo hoje com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Ninguém espera que esse conflito possa evoluir para uma conflagração mundial, como a que ocorreu em 1939, mas os mesmos argumentos políticos estão sendo invocados pelo ditador russo para invadir a Ucrânia. E a mesma atitude compassiva e acovardada está sendo assumida pelos líderes ocidentais. Eles sabem que as propaladas sanções que o mundo ocidental está prometendo contra a Rússia, a curto prazo, em nada a afetarão.
É claro que a distribuição do poder entre as superpotências da atualidade é muito diferente do que era a oitenta anos atrás. Um novo conflito mundial destruiria o planeta inteiro e temos certeza de que nenhum líder político, por mais louco que seja, assumiria esse risco. Isso justifica o cuidado com que as potências ocidentais estão tratando o caso, mas as semelhanças com os fatos que antecederam a segunda guerra mundial são preocupantes.
Outro paralelo que pode ser observado é o comportamento do governo brasileiro. Na época, o ditador brasileiro Getúlio Vargas oscilou sua simpatia entre os países do eixo Alemanha- Itália- Japão e os aliados ocidentais. Só se decidiu quando os Estados Unidos entraram na guerra e o forçaram a escolher um lado. Bolsonaro parece estar seguindo o mesmo caminho. Ninguém sabe de que lado ele está.
Apenas uma coisa parece certa: se Donald Trump ainda fosse presidente dos Estados Unidos, com certeza ele já teria declarado seu apoio ao ocidente. Mas hoje, quem mais se parece com ele é o autocrata Putin. E para ele, enquanto não se sabe de que lado a bola vai cair, é melhor ficar em cima do muro. Há quem chame isso de prudência, mas outros dirão que é covardia e ignorância política de quem não sabe nem onde está o próprio nariz.