OS DOIS ODIADOS
Lulelé é um vilão que tem quatro dedos na mão esquerda. Como todos os vilões das estórias em quadrinhos ele quer conquistar o mundo. Para isso conta com um séquito de seguidores que parece uma seita religiosa radical e não fica a dever nada a qualquer torcida organizada de clube de futebol. Ele já foi condenado e preso uma vez por corrupção, mas um dos seus admiradores, o Dr. Fachinora, conseguiu soltá-lo. E ele recomeçou a sua campanha para dominar o mundo.
Além de contar com um grande séquito de seguidores fiéis, o Lulelé também é um hábil político. Sabe cooptar parceiros para suas tramoias e tem um discurso muito bem articulado. Seu principal aliado, no momento, é um antigo Alkinmista que ficou famoso por ter desenvolvido uma fórmula para dar gosto ao chuchu. Esse Alkinmista, em outros tempos, já foi inimigo do Lulelé. Mas ele prometeu ao mago do chuchu que ele teria todos os recursos que precisasse para realizar a grande obra com que todo prestidigitador sonha: a transformação de chumbo em ouro. Aliás, essa era uma coisa que ele já havia tentado quando foi governador de um estado da federação, mas as fórmulas usuais usadas nessas operações (licitações, contratos públicos, rachadinhas etc.) acabaram se tornando inviáveis porque sempre aparece um promotor público metido a xerife para melar a operação. Assim, o chumbo que o Alkinmista gostaria de transformar em ouro acabou sendo usado pela polícia estadual e acabou enterrado junto com os corpos dos bandidos que ela matou.
Agora Lulelé e o Alkinmista estão recomeçando sua campanha para dominar o mundo. Só tem um problema. Surgiu um adversário poderoso que também tem um séquito de seguidores tão fanáticos e radicais quando o deles. É o famoso Capitão Boçalnaro, líder dos boçalnaristas. Esse é um super-herói metido a Capitão América. Ele tem como principal modelo um cara maluco que foi presidente dos Estados Unidos, que se parece com aquele boneco assassino dos filmes de terror, o Chuky. Boçalnaro tenta copiar em tudo esse cara. Se pudesse trocava a moeda do país pelo dólar e transferia a capital para Nova Iorque. E fazia do inglês a nossa língua oficial.
Da mesma forma que o Lulelé, Boçalnaro só quer mesmo é conquistar o poder total. Mas terá que vencer o seu adversário a qualquer custo. Para isso conta mentiras, inventa histórias, distribui esmolas, ameaça as instituições, faz alianças a torto e direito, inclusive com outros vilões que antes eram seus inimigos.
Mas seus seguidores o veem como o super-herói que salvará a humanidade do grande vilão que é o Lulelé. A batalha entre os dois promete. O Quentin Tarantino, cineasta famoso pela transformação de vilões em personagens interessantes e atraentes já manifestou desejo de adaptar essa estória para o cinema. O filme se chamará “Os dois Odiados”. Só vai ter que esperar para contar o número de mortos.