João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


TARCÍSIO E ZEMA- O NOVO CAFÉ COM LEITE?

 

“Só mesmo Bolsonaro pode me convencer a votar no Lula” disse um amigo que encontrei na saída da escola onde fui votar. Isso me fez pensar: não foi o Lula que ganhou a eleição, mas sim o Bolsonaro que perdeu.

Na verdade, os dois milhões e tanto de eleitores que deram a vitória para o Lula não votaram nele, mas contra o Bolsonaro. Foi seu alto índice de rejeição que o derrotou. A prova disso é que uma grande maioria de deputados e senadores, além de alguns governadores apoiados pela sua coligação, alcançaram sucesso nas urnas.

A vitória bolsonarista para esses cargos mostra que a direita conservadora tem forte apoio entre a população brasileira, especialmente no sudeste e sul do país. A vitória de Tarcísio de Freitas em São Paulo é um claro exemplo dessa força. Sem nenhum vínculo com o estado, conseguiu uma expressiva vitória contra Fernando Haddad, que além de ser um político experiente, também contava com o apoio de um partido de grande apelo popular como é o PT.   Isso e a natural aversão que a grande maioria dos paulistas, especialmente do interior, têm pelo PT, foram a razão da sua vitória.

Bolsonaro granjeou ódio e amor em larga escala, como costuma acontecer com todos os líderes populistas que conseguem mexer com a sensibilidade das massas. Talvez mais ódio que amor, e foi isso que o derrotou. Sabe capitalizar apoio popular, mas sua postura arrogante, a incontinência verbal, as escolhas equivocadas de aliados e a defesa de temas ainda perturbadores para a maioria do povo brasileiro, como a liberação das armas de fogo, a opção por uma linha evangélica que tem sido constantemente associada à corrupção e à simonia, fazem que grande parte do povo brasileiro ainda olhe para ele com desconfiança.

Por isso é que achamos que não foi a direita que perdeu a eleição para a esquerda. Até porque esquerda e direita, no cenário político brasileiro, são palavras sem sentido. Nem Lula é um político esquerdista no sentido lato do termo, nem Bolsonaro é um liberal comprometido com a ideologia da chamada direita. Isso porque, ambos, em suas experiências de governo, quando precisaram, flertaram abertamente com um e outro lado.

Bolsonaro precisará mudar de postura e aplainar algumas facetas da sua personalidade se quiser continuar a liderar a direita conservadora do país. Isso porque ele mesmo engendrou líderes que poderão destroná-lo. Tarcísio de Freitas e Romeu Zema são dois possíveis candidatos a esse trono. Afinal de contas governarão dois estados, que além de possuir os maiores colégios eleitorais, ostentam os dois maiores PIBs do país. Já houve um tempo na história do Brasil que o poder político se dividia entre Minas e São Paulo. Era a chamada política do café com leite.  Bem mais simpáticos que Bolsonaro, quem sabe o futuro da chamada direita, no Brasil, esteja nessa nova combinação de mineiros e paulistas.

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 02/11/2022
Alterado em 02/11/2022


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