A CONSPIRAÇÃO BOLSONARISTA
A Polícia Federal desencadeou operação contra núcleos bolsonaristas com a intenção de angariar provas de que membros desses grupos tinham a intenção de promover um golpe de estado. Esse golpe seria apoiado pelas Forças Armadas, que destituíram o governo eleito e promoveriam novas eleições, claro, com regras estipuladas para a vitória do movimento bolsonarista. O golpe só não prosperou porque a maioria das altas patentes da Forças Armadas não embarcaram na aventura golpista.
Faz sentido. Que os Bolsonaros sempre tiveram a intenção de abolir o Estado de Direito instituído pela Constituição de 1988 é um fato inegável. Eles nunca esconderam isso e sempre foram muito transparentes a respeito. Não podem, nesse caso, ser acusados de conspiração nas sombras.
Desejar mudar um” status” quo que não nos agrada, e até tentar fazer isso é um direito de todos. Assim, nada obsta que os bolsonaristas radicais desejem a volta da ditadura militar, se possível, com Bolsonaro no poder. Essas posições foram claramente defendidas nas ruas e nos comícios pelos seus simpatizantes e por ele mesmo e seus familiares e apoiadores.
O crime está na forma como se pretendia fazer isso. Se fosse através das vias democráticas tudo bem. É o que Milei está tentando fazer na Argentina. Se o Congresso aprovar o seu “pacotaço”, ele se tornará, virtualmente, um ditador. Bolsonaro poderia ter feito a mesma coisa durante o seu mandato, mas preferiu buscar conflitos com a Ordem Institucional vigente, sedimentando uma ideologia radical e obscurantista, ao invés de buscar alianças para o seu projeto de poder.
Não é a conspiração em si que pesará contra os bolsonaristas. Até porque o golpe não vingou. É a forma como foi proposto e ensaiado, resultando nos tristes acontecimentos do oito de janeiro de 2023. Se provado que esses indivíduos, e o próprio Bolsonaro tiveram responsabilidade nesses resultados, a culpa deles ficará patente.
O paradoxo disso tudo é que será justamente a ordem democrática que eles queriam abolir que os salvará de uma punição mais severa. Numa ditadura os conspiradores são presos ou executados sumariamente, como Hitler fez com a maioria dos seus opositores na Alemanha. Felizmente, para os conspiradores bolsonaristas, a Constituição Brasileira não permite isso. A Carta aprovada em 1988 assemelha-se, de uma certa forma, à Constituição de Weimar, que Hitler destruiu. É uma Constituição permissiva ao extremo que incentiva o crime e oprotuniza reações conservadoras e autoritárias como a que os bolsonaristas encarnaram.
De esquerda ou direita nenhuma ditadura presta. Todo regime autoritário nada mais é do que um exercício de egocentrismo exacerbado que beira à psicopatia. Porque todo ditador não deixa de ser um psicopata, cujas ações só visam saciar sua sede de poder. Se tomarmos consciência disso estaremos à salvo de novas investidas nesse sentido. Se não, continuaremos vivendo esta polarização idiota e nefasta que mais desune do que une os brasileiros para um ideal comum.