O BIGBROTHER E A IDIOTIZAÇÃO COLETIVA DO PAÍS
Todo ano é a mesma coisa. Começa com a campanha de idiotização popular patrocinada pela Rede Globo, chamada BBB. Um monte de gente pagando para ver como um bando de alienados se comporta quando fica preso dentro de uma casa, submetidos a um isolamento do resto do mundo. Mesmo não sendo profissional na área do direito creio que todo mundo conhece a expressão “contrato leonino” ou “parte do leão.” Essa expressão tem origem em uma anedota que diz que um leão, uma hiena e um lobo combinaram uma estratégia para caçar uma presa bem grande. Depois de perseguirem e matarem a presa, os três começaram a discutir como seria a divisão. O leão disse: “ a primeira parte é minha, porque eu sou o rei da selva”. O lobo e a hiena olharam um para o outro e viram que não dava para encarar o leão. “Está bem”, concordaram. “É justo que o rei leve a primeira parte”. Então o leão disse, de novo. “ A segunda parte também é minha porque fui eu que descobri e encurralei a presa.” Novamente o lobo e a hiena se entreolharam e viram que não ia dar para discutir. Por isso, mesmo relutantemente, concordaram. E por fim o leão disse: “ a terceira parte também é minha porque eu sou o mais forte. Alguém vai discordar?” É claro que ninguém discordou. Lobo e hiena se retiraram com cara de idiotas, lambendo a própria debilidade.
A Rede Globo é o leão da anedota. Nós somos o lobo, a hiena e a presa. Ao invés do plin-plin que ela usa como chamada, deveria usar o Leão da Metro, com o seu característico urro. Dona de um poder midiático que comprou apoiando a ditadura militar, ela hoje manipula a audiência nacional do jeito que quer. E impõe ao povo, todos os anos, essa campanha de idiotização coletiva chamada BBB.
Vale lembrar que esse programa foi inspirado no livro 1984, escrito em 1948 pelo escritor inglês Eric Arthur Blair sob o pseudônimo de George Orwell. No livro o Big Brother (Grande Irmão), é uma espécie de ditador virtual que vê tudo que o acontece em um país distópico chamado Oceânia, que corresponde ao mundo ocidental em um futuro fictício, que o autor situou em 1984 (contrário do ano em que ele escreveu,1948). Esse país (figurativamente o Ocidente) vive em guerra com a Lestásia (figurativamente o Oriente), numa polarização ideológica forjada justamente para manter a alienação mental dos habitantes de ambos os lados.
A Oceânia é governada por um ditador virtual conhecido como Big Brother, o Grande Irmão. Esse ditador vigia tudo que acontece no país através de câmaras de televisão espalhadas por todos os cantos, manipulando o comportamento e a forma de pensar de todos os habitantes através da mídia e de uma programação neurolinguística bem planejada. Ressalte-se que quando Orwell escreveu esse romance futurístico a televisão ainda estava engatinhando e a PNL, (Programação Neurolinguística) ainda não tinha sido desenvolvida como disciplina, embora já tivesse sido usada com sucesso pelos nazistas para fazer lavagem cerebral no povo alemão.
O BBB até poderia ser um programa útil se ele, ao invés de idiotizar ainda mais o telespectador, chamasse a atenção para a lavagem cerebral a que estamos sujeitos através da manipulação da mídia. Na verdade, ele mostra o quando podemos nos tornar idiotas quando somos submetidos a uma ditadura que controla, não só os nossos comportamentos, mas principalmente a nossa forma de pensar. Mas, no caso, o feedback que ele nos dá funciona em sentido contrário. Quanto mais os personagens submetidos à ditadura do Grande Irmão vão se amoldando ao modelo conformador que ele os submete, mais os telespectadores vão se encaixando no mesmo modelo. Ao torcer para a vitória de um personagem, acabam, inconscientemente, pensando igual a ele. No romance de Orwell a ideia era exatamente essa. No fim, até o mais rebelde e inconformado cidadão descobre que, na verdade, ama o Grande Irmão.
Curiosamente, O Big Brother Brasil já está quase há vinte anos no ar. Apareceu pela primeira vez justamente quando o PT começou a governar o país e o governo Bolsonaro em nada contribuiu para mudar isso. Só ajudou a piorar com a polarização idota e inconsequente que ele promoveu. Se a insanidade política que estamos experimentando no momento tem algo a ver eu não sei. Mas que a campanha de idiotização popular que esse programa transmite tem feito um papel importante nesta crise que estamos vivendo eu não tenho nenhuma dúvida. Entramos numa massificação compulsória de consciências onde os dois lados só conseguem enxergar o que o Big Brother de cada facção lhes incute, ou seja, um ódio extremado por tudo que vem do adversário.
Por isso esse asqueroso programa da Globo resiste e ainda conquista tantos telespectadores que pagam para se tornar alienados.