Um orgulhoso, se precisa, não pede;
O caloteiro, quando deve, não paga;
Edifício mal construído sempre cede,
E o alimento não consumido estraga.
O músculo que não é acionado, atrofia,
A bateria que não é ligada descarrega;
O covarde, quando exigido, renuncia,
O homem que nunca busca só entrega.
Coração que muito bate um dia apanha,
Quem vive comprimido um dia estica;
Todo choro sem motivo é pura manha,
Aquele que só quer ir é que sempre fica.
Quem vive descansando um dia cansa,
A saudade quando é triste é nostalgia;
Quem nunca vai ao baile um dia dança,
Mulher que não se torna mãe acaba tia.
O verdadeiro amor faz o homem forte,
Paixão demais deixa um homem tonto;
Quem só olha para o sul não vê o norte,
Quem quer perfeição nunca fica pronto.
O ciúme, quando demais, sufoca o amor,
E o amor que é sufocado um dia acaba;
Nenhum atrito gera a luz, mas só calor,
Vela acesa contra o vento sempre apaga.
Quem caminha devagar chega atrasado,
Quem corre demais se sujeita a acidente;
Se o vagaroso costuma comer queimado,
Um apressado sempre come cru e quente.
O jovem rebelde, na velhice se amansa,
Câimbra só dá em quem não se exercita;
Quem vive só esperando nunca alcança,
Só fica solitário quem não se comunica.
Quem vive olhando o céu pode tropeçar,
Não vê estrelas quem só olha para o chão;
Uma janela fechada não deixa o sol entrar,
Janela sempre aberta é convite para ladrão.
Quem vive desconfiando não tem amigo,
Mas o que muito confia é imprevidente;
Ambição, quando é demais, é um perigo,
Mas sua falta deixa o homem impotente.
Um pau que dá em Chico dá em Francisco
Quem bate em todo mundo vive em guerra;
Quem espera para escolher herda o “mico”,
Quem escolhe apressadamente sempre erra.
Quem não quer cair não anda nas beiradas,
Um pouco de previdência nunca é demais;
O bom lutador não tem medo de porradas,
Só há equilíbrio quando os pesos são iguais.
É verdade que a aranha tem muitas pernas
Mas nem por isso consegue ir mais longe;
Assim como não existem verdades eternas
Não é pelo hábito que se julga um monge.