As notas que falam do meu sofrimento,
Não as canto como se fossem ladainha,
Prefiro deixá-las para que cante o vento
Que tem voz mais bonita que a minha.
Podem dizer que eu sou muito “maneiro”,
Já que mágoas nunca consigo guardar;
É que acho melhor guardar meu dinheiro,
Para comer bem e poder sempre viajar.
Porque só quem pode me seguir sou eu,
E não divido com ninguém minhas dores,
Não peço que ninguém seja meu Cirineu
Nem atapetem meu caminho com flores.
Assim, na minha única e singela canção,
Só há de ter palavras de agradecimento,
Ou então de louvor e espirituosa oração,
Porém, nunca de queixas, nem lamento.