“ E os olhos de ambos foram abertos e souberam que estavam nus.; e cozeram folhas de figueira e fizeram para si cintos; Então ouviram a voz do Eterno Deus, que passeava no jardim, na direção do por do sol, e o homem e a mulher se esconderam da presença de Deus entre as árvores do jardim.”
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Ora, todos sabemos como começam as revoluções que costumam virar do avesso as estruturas políticas do mundo e dar novos rumos às sociedades que elas amparam. Sempre os seus motivos são fundados na vontade do servo de elevar-se ao patamar do seu senhor, ou, o que é a mesma coisa, do pobre igualar-se ao rico, do pequeno tornar-se grande ou coisa parecida com essa, pois do ser humano pode dizer-se tudo, menos que ele se conforma com o que é e com o que tem, quando se a ele mostra-se coisa melhor, o que justifica aquele ditado que diz que as frutas do pomar vizinho são mais doces do que as nossas ainda que, de fato, não o sejam.
Destarte, não mentiu o livro que primeiro contou essa história, ainda que possamos deduzir que seus autores tivessem uma clara intenção ideológica ao elaborar tais narrativas, pois delas, interpretações posteriores inferiram que o comportamento de Eva ao comer do fruto e depois oferecê-lo ao marido teria sido uma espécie de crime pelo qual a humanidade inteira teria que pagar um salgado preço. Pois ali se diz que Eva “viu que o fruto era bom para comer e formoso aos olhos e de aspecto agradável; e tirando-o da árvore, comeu-o e deu a seu marido, que também comeu e seus olhos se abriram.” Se tivermos como dito e assentado que a árvore a que aqui se refere era o corpo humano como depois interpretações menos canônicas tiveram a petulância de afirmar, então podemos confirmar que Eva realmente praticou conjunção carnal com Samael, pois se ela primeiro comeu do fruto e só depois o ofereceu ao marido, a hipótese que aqui coloca se confirma.
O que resultou desse, que poderíamos computar como um deslize da nossa mãe Eva, é que os olhos dela e do papai Adão se abriram e eles descobriram que estavam nus. Embora, à primeira vista, essa informação pareça ser bem bizarra, o fato é que ela revela uma sabedoria arcana de largo significado porquanto se refere a um estado de inocência mental que só seria recuperado muitos séculos depois com as experiências budistas que mostram que só se adquire a verdadeira sabedoria quando se despe a mente de todas as as roupas conceituais que ela veste ao longo da vida, e Jesus confirmou isso depois com a sua metáfora de que é preciso se tornar criança de novo para entrar no reino do céu. Ora, sabemos que as crianças nascem nuas e só depois que começam a ter consciência de si mesmas é que elas descobrem que a nudez é algo constrangedor e não deve ser exposta aos olhos alheios a não ser em ocasiões muito especiais, quando a ação que se pretende praticar exige que a gente tire a roupa que veste e se apresente ao parceiro, ou parceira, da forma como viemos ao mundo.
Então o que se entende da nudez recém descoberta do casal humano é que Adão e Eva acabaram de adquirir naquele momento em que comeram do fruto do conhecimento aquela camada de neurônios que os modernos cientistas que estudam as funções do nosso cérebro chamam de néocortéx, qual seja, aquela capa sutil de nervos cerebrais que, segundo esses estudiosos, é o local onde a consciência do que somos e fazemos se aloja.
Deve ter sido uma imagem interessante essa, em que Adão viu que sua companheira tinha duas elevações cuneiformes na parte de cima do tórax, encimadas por caroços de cor acastanhada semelhantes a ameixas secas e uma abertura vertical no meio das pernas, e ele tinha, no meio das suas, um penduricalho que saia do meio de duas bolas envoltas por uma pequena bolsa. E o mais interessante foi notar que essa protuberância do seu corpo parecia que tinha uma vontade própria e agia como um pedaço de metal atraído por um magneto, intumescendo naturalmente ao contato com o corpo de Eva. Antes isso acontecia naturalmente e nem ele, nem ela sentiam nada além da necessidade de que isso acontecesse, mas agora havia algo mais do que compulsão animal a movê-los e o acasalamento lhes provocava uma sensibilidade especial que antes não ocorria.
Algumas versões dizem que Adão e Eva fizeram cintas de folhas de figueira, outras dizem que o próprio Senhor confeccionou para eles umas vestes de peles de animais para cobrir seus corpos pelados. E também se diz que eles ficaram com uma baita vergonha de se apresentar assim aos olhos do Senhor, por isso se esconderam atrás de umas árvores. Coisa boba essa, pois se Deus é Deus ele podia vê-los através das árvores e essa teria sido uma preocupação inútil, mas também ali se refere que Deus estava passeando no jardim para tomar uma brisa como faria qualquer mortal que tivesse trabalhado o dia inteiro e depois do trabalho fizesse um happy hour no parque para relaxar, o que também não combina com a majestade do Senhor; mas se dessas incongruências nós déssemos conta para não acreditar que as coisas se passaram assim teríamos que desprezar muitas outras narrativas do mesmo jaez e aí não teríamos mais nada para acreditar; e sem crenças a vida fica muito monótona e burocrática. Daí, propomos que se estabeleça que as coisas aconteceram mesmo dessa forma e que Adão e Eva tiveram vergonha de se apresentarem pelados aos olhos do Senhor. Mas quanto ao fato de o Senhor ter feito para túnicas de peles para cobrir a nudez do casal humano, tenho para mim que aí se justifica a ideia de que Adão e Eva, antes de comerem do tal fruto não eram exatamente criaturas humanas, mas sim, seres da etnia dos anjos como afirmam alguns comentadores do livro, antigos e modernos. E ao comer do fruto se tornaram humanos, semelhantes aos animais, conquanto de estirpe e grau diferente, pois que tinham agora em seus cérebros uma camada a mais de neurônios que os distinguia das demais espécies vivas, graças ao poder que agora tinham, de refletir. E isso é certo, porquanto os animais não pensam no que fazem, apenas fazem, enquanto nós, os seres humanos pensamos, ainda que a maioria o faça no lugar errado e na hora errada, pois geralmente isso acontece só depois de feito, o que nos traz não poucos aborrecimentos e muitos prejuízos a compensar.
Essas são coisas que nos são ensinadas desde o começo do mundo e não sabemos se são verdadeiras ou não porque depois que Adão e Eva comeram do fruto da árvore do conhecimento, eles ficaram conhecendo o bem e o mal e tanto uma coisa como outra às vezes são mentiras, outras vezes são verdades e não é todo mundo que consegue ter consciência quando o que parece bem é na verdade mal e o que parece mal, na verdade é bem. E então faz o mal pensando estar fazendo o bem e vice versa, o que faz com esse mundo se torne cada vez mais confuso.
Mas quando Jeová expulsou Adão e Eva do jardim, Ele não os colocou na fronteira norte daquela terra para que eles não se aproximassem dos rios de águas virtuosas que saiam do jardim, neles se lavassem e se tornassem limpos de seus pecados, esquecendo-se assim a desobediência cometida. E também do lado sul do jardim não agradava a Jeová que fosse o casal humano lá habitar porque quando o vento soprasse do Norte o delicioso aroma daquelas árvores do jardim e a brisa fresca do mar cristalino viriam ferir os seus sentidos e eles ficariam com vontade de voltar para lá desobedecendo de novo os seus desígnios. Foi por isso que Ele mandou Adão e Eva habitarem na fronteira oeste, situada ao oriente do jardim, porque daquele lado a terra, além de ser muito extensa, também o sopro do vento que vinha do Norte não chegava até lá. Isso dizemos para fazer uma concessão à literalidade do livro, que diz que o casal humano foi expulso para uma terra ao oriente do Éden, mas como nós sabemos agora que o tal fruto do conhecimento era, na verdade, a aquisição de uma consciência reflexiva por parte do ser humano, fica-se com a intuição de que o tal jardim era, por vias de inferência, a sua própria inocência perdida.
Dessa forma se justifica também a crença de muitos estudiosos da saga humana que dizem que a nossa espécie um dia já habitou em cavernas e tinha uma aparência semelhante aos macacos. É que as peles de animais que eles vestiram para cobrir a sua nudez os fazia parecer com uma espécie simiesca, conquanto já andasse ereta e tivesse pensamentos superiores aos seus instintos. Mas quem de verdade conhece a origem do ser humano sabe que não foi bem assim que a raça humana começou. E que só na aparência nossos ancestrais pareciam uma raça mais evoluída de símios, porque quando Adão e Eva foram expulsos do jardim eles perderam suas aparências angélicas e ficaram parecidos com animais, tendo inclusive que viver como eles. E o fato de vestir-se com peles de animais fez com que suas aparências se tornassem ainda mais próxima deles.
Mas como o casal humano era diferente dos animais e tinha sido feito com um propósito especial, Jeová queria que ele se distinguisse deles. Por isso é que ordenou a Adão que cultivasse a terra porque dali em diante não poderia viver mais dos frutos naturais que ela dá, como fazem os bichos que se alimentam de frutas e ervas, e sim da safra que ele mesmo plantasse e colhesse com o suor do seu rosto. Destarte, eles foram habitar numa caverna aberta pela chuva, dentro de uma rocha, que ficou conhecida como a Caverna dos Tesouros, porque aquela terra, que se chamava Havilá, era muito rica em ouro e pedras preciosas, que eram os cristais que hoje se chamam diamantes e as lindas pedras listradas conhecidas pelo nome de ônix. E foi lá que Adão aprendeu a fazer utensílios de pedra, que são encontrados ainda hoje nessas antigas habitações dos nossos ancestrais, as quais os sábios chamam de sílex e os vasos de barro que deram origem a arte da cerâmica; estes quando são desenterrados pelos arqueólogos justificam as ideias de que os nossos antepassados viveram uma idade da pedra antes de entrar na chamada era da civilização.
Mas quando Adão e Eva saíram do jardim eles não sabiam para onde estavam indo. E quando viram a vastidão da terra diante deles, com toda aquela imensidão de rochas grandes e pequenas, e os lençóis de areia que pareciam se estender até o infinito, tiveram medo e tremeram, prostrando-se com suas faces no chão. E choraram e se arrependeram do que haviam feito porque até então haviam vivido como anjos num belo jardim, onde havia toda espécie de árvores frutíferas e o único trabalho que tinham era colhê-las para comer. Mas agora estavam numa terra estranha que não conheciam e nunca tinham visto, sujeitos a todos os perigos e obrigados a trabalhar duramente para dela tirar o sustento. Algo assim é o que deve sentir um filho que briga com o pai e sai de casa para enfrentar o mundo, na crença de que a sabedoria recentemente adquirida será suficiente para fazer dele alguém igual ao que o pai é. Sucede que ás vezes acontece de ser, e não são poucos os que acreditam que o ser humano, que aqui são figurados por Adão e Eva, se tornaram iguais à Deus, o que não nos deixa mentir os médicos, os juízes, grandes artistas e até mesmo pessoas sem grande mérito, mas que acreditam que são verdadeiros deuses porque na comparação com o resto da humanidade só conseguem ver simples mortais.
Voltando a Adão e Eva, conta-se que durante muitos dias e noites eles choraram e cobriram suas cabeças com terra, costume que foi observado durante muito tempo pelos seus descendentes diretos. Porque Adão lembrava-se que fora feito do barro da terra e animado por uma Palavra pronunciada ao seu ouvido. E essa Palavra era o Verdadeiro Nome de Deus, que ele só conhecia como o Senhor, porque o nome Jeová ainda não era conhecido. Essa Palavra, Deus apagou da memória de Adão depois disso e ela ficou perdida por muito tempo até ser comunicada a um descendente de Noé, mas essa é outra história. Apenas para informar, registramos que essa Palavra, se quisermos fazer uma imagem dela, porque imagem fala mais que palavras, há quem diga que ela pode ser representada por uma onda luminosa, um “quanta” como hoje se chama aquela centelha de energia em forma de luz que Deus lançou no espaço cósmico quando disse “Eu Sou” para se tornar conhecido pelos seus atributos. Essa centelha alojou-se dentro do corpo de Adão e o boneco de barro que ele era ganhou uma alma e se transformou numa criatura viva. E essa centelha de energia é como a bateria de um relógio. Ela anima e faz funcionar o corpo e a mente das pessoas vivas e pode durar muitos anos. Por isso a gente só morre quando essa célula de energia é retirada do nosso corpo pelo próprio Deus, que é o dono e emissor dela. E então ficamos todos sabendo que a morte é uma pena que a humanidade tem que pagar porque graças à desobediência de Adão e Eva ao comer o fruto proibido, essa centelha de energia se contaminou e se tornou impura. O sentimento do prazer foi a porta aberta para a entrada do chamamos de mal, o que se deduz que quando fazemos alguma coisa que parece mal só o é quando fazemos tal coisa com consciência disso, o que justifica o fato de não termos que punir uma criança, ou um louco que comete um crime, pois eles não sabem o que estão fazendo. Eva também chorava e agora nós sabemos porquê. Ela, que fora tirada de uma costela de Adão, numa operação cirúrgica digna dos modernos cirurgiões de hoje, que tiram um órgão de um corpo e o colocam em outro, e já fazem também inseminações artificiais de esperma masculino em úteros femininos para gerar fetos sem a necessidade do coito habitual, fora feita para ser a companheira do homem e dar-lhe muitos filhos para encher a terra com seus descendentes. Isso sabemos, porque Jeová queria ser conhecido e adorado e quantos mais houvessem para fazer isso, maior seria a sua felicidade.
Deixaríamos uma grande lacuna em nosso relato se não reportássemos que há quem acredita que Eva foi a companheira que Jeová e seus servos Elohins fizeram para Adão tirando dele a sua parte feminina, que foi metaforizada numa costela dele. Outros há que acreditam que a tal operação que resultou nos seres humanos foi realizada pelos Elohins, que na verdade eram seres extraterrestres que aqui aportaram em viagem exploratória e inseminaram no corpo de uma fêmea de macaco um esperma desses seres angelicais, o que resultou num macaco aperfeiçoado e inteligente, que é o homem. E depois, pelo mesmo processo genético fabricaram uma fêmea para ele para que eles pudessem dar larga à sua descendência. Por isso se diz que a espécie humana provém de uma matriz animal que os estudiosos identificam em fósseis desenterrados em vários lugares do mundo e que parecem um meio termo entre o homem e o macaco, sem saber se eram mais uma coisa que outra, mas que, de qualquer forma justificam as especulações que se fazem para determinar se a espécie humana evoluiu de uma matriz animal, como querem os homens de ciência ou se ela já saiu pronta e acabada organicamente de um molde de barro como querem os adeptos do chamado criacionismo, que acreditam piamente que a espécie humana teve origem da forma como descreve o livro.
Se tal se confirmasse poderíamos ter uma ponte entre uma e outra concepção e talvez nossas mentes ficassem menos incomodadas com essas sutilezas da nossa origem. Mas se assim fosse teríamos que buscar outras fontes de dissensão, porquanto é delas que vive o espirito humano.
De volta a Adão e Eva, vimos que eles foram alojados no Jardim do Éden para que eles tomassem conta dele como uma espécie caseiros desse sítio maravilhoso, e como tal dessem nome a todas as criaturas vivas e forma aos objetos que a energia distribuída por Deus produzia no mundo da matéria. E por isso todos os animais tinham nome definido e as coisas a forma que o pensamento do casal humano dava para eles. E o recurso da imaginação lhes foi dado para que eles pudessem realizar a tarefa de dar forma sentido e lugar a todos os objetos do mundo. Já demos por certo que esse jardim era o próprio corpo deles, razão pela qual não nos parece necessário desenvolver mais argumentos para explicar o que por si mesmo se esclarece e assim podemos continuar sem mais delongas e porquês essa saga dos nossos primeiros ancestrais, posto que agora eles têm dentro de seus cérebros uma camada a mais de neurônios do que os pretensos primos símios que muita gente acredita ter compartilhado conosco esses princípios, e podem pensar sobre os próprios pensamentos, capacidade essa, que nos parece; é a única coisa que nos distingue deles.
Naquele tempo Adão e Eva eram cheios da graça divina e possuíam uma natureza luminosa porque seus corações não eram voltados para coisas terrenas e a luz do Senhor brilhava dentro deles. Mas ao se tornarem humanos eles perderam a aura de luminosidade que lhes cobria a cabeça e envolvia seus corpos e sentiram frio e fome. Foi muito mais por isso, do que para cobrir-lhes a nudez, que Deus lhe coseu túnicas de pele. E isso os fez mais humanos ainda, de tal forma que não foram reconhecidos pelo anjo que Deus colocou na porta do jardim como guardião. Porque ao vê-los tentando voltar para o Éden o anjo pensou que eram dois animais e os ameaçou com a sua espada flamejante, e eles então se conformaram com o fato de não poderiam mais voltar para lá e agora teriam que aprender a viver por conta própria porque conheciam o bem e o mal e podiam também criar outras criaturas iguais à eles.
Apesar do descontentamento que Deus tinha para com eles ainda assim teve piedade do casal porque eram suas criaturas e nem os animais abandonam e castigam seus filhos tão severamente quando eles os desobedecem; e Deus muito menos porque ele tinha fama de ser justo e sábio e conhecedor do coração dos homens porque foi ele mesmo quem os fez; e também sabia que quando eles comeram do fruto do conhecimento e seus olhos se abriram eles começaram a pensar por sí próprios; e por causa disso, em volta da centelha de energia que era as suas almas eles foram criando uma camada de desejos que lhe foi aderindo como se fosse uma crosta. E essa camada de desejos é o que hoje os sábios chamam de Ego, porque esse é o nome pelo qual Samael passou a ser conhecido depois de seduzir Eva e causar a expulsão do casal humano do Éden.
Por apócrifas fontes, todavia, ficamos sabendo que quando Deus os viu caídos defronte ao portão do jardim seu coração se condoeu e Ele apareceu subitamente para eles, como era seu costume e disse: "Eu ordenei os dias e os anos nesta terra, e tu e a tua descendência deverão habitar e caminhar nela até se cumprirem todo o tempo que prescrevi para a vida da família que sairá de ti. Quando esses anos se cumprirem eu escolherei entre os teus descendentes aqueles que me agradarem e para eles segredarei a Palavra que te animou do barro da terra e te fez alma vivente. E eles a segredarão aos seus escolhidos e por meio deles escolherei uma nação que me representará na terra, realizando o trabalho que tu, por conta da tua vaidade e ambição renunciastes a fazer. Mas nada será fácil para ti e a tua descendência. Comerás o pão que ganhares com o suor do teu rosto e a tua mulher parirá teus filhos com dor e muitos trabalhos. E quando a tua descendência crescer e se multiplicar sobre a terra ela disputará os meios de sobrevivência com guerras e conflitos entre eles porque a alma que eu te dei está agora carregada de desejos e ambiciosas malícias; e a tua ambição e malícia será transmitida aos teus descendentes, de modo que não haverá paz no seio da tua família até que eu esteja convencido que toda essa crosta de desejos e ambições que tu aderistes à tua alma e estás transmitindo à tua descendência esteja dissolvida. Mas eu te ajudarei mandando de tempos em tempos os meus emissários com conselhos e admoestações para que, ouvindo-os e praticando o que eles ensinarem, as almas dos teus descendentes possam se livrar da camada de impurezas que tu lhes impuseste com a tua desobediência.”
Continuou o Senhor: “ Sim, eu direi aos meus escolhidos a Palavra que te levantou do barro da terra e te fez alma vivente. E essa Palavra é o meu verdadeiro Nome. Porque Eu tenho dez bilhões de nomes, mas só um é verdadeiro. E esse meu verdadeiro Nome emite um som que dá origem a tudo que há no universo. Quem aprender a escrevê-lo e pronunciá-lo corretamente terá todo o poder da terra. Porque ele é como as cordas de uma lira vibrando no espaço sem fim, emitindo ondas de potente energia que se transformam em todas as coisas que podes ver e imaginar. E tudo que há no universo é feito dessas ondas que o som do meu verdadeiro Nome propaga. Será, pois, a Palavra que emite esse som que resgatará a tua alma das garras do Dragão que te enganou e levou a ti e à tua mulher a comer do fruto da árvore que eu te proibira de comer. Mas até lá essa Palavra ficará perdida e os homens a procurarão e a pronunciarão em vão pensando ter a verdadeira sabedoria. Mas essa será apenas e tão somente a sabedoria do Dragão que chamareis de Ego, e ela os enganará até que a verdadeira Palavra seja recuperada e ensinada a todas a pessoas.”
Continuou o Senhor: “ Transmitirás aos teus descendentes todos os desejos, ambições, vícios e moléstias que adquiristes ao ouvires a serpente que se tornou o teu Ego. Mas também levarás contigo para onde for e legará à tua posteridade toda a ciência que obtivestes ao comer do fruto da árvore do conhecimento. Ela permitirá que a humanidade descubra todos os segredos que a minha Potência encerra. Eles estão inseridos na minha Luz Infinita e todos aqueles que conseguirem ver essa Luz serão abençoados com a iluminação. E serão chamados grandes por toda a humanidade.” “ No devido tempo, que eu determinarei, serão desvelados para a tua posteridade todos os segredos do universo. E o que fizerem com ele será para a sua salvação ou destruição. Se os teus descendentes se mostrarem dignos dessa ciência eu os respeitarei e perdoarei a tua desobediência por causa deles; e os receberei no meu reino como naturais do meu povo porque eles assim o escolheram. Eis que agora eu me retiro do mundo físico que manifestei, deixando nele somente os meus atributos, porque eles são frutos da minha Potência e agora ela obedecerá à certas leis que criei. Ela dará como resultado objetos animados e inanimados, na medida em que se encontrem e se casem; mas será o pensamento do homem que dará formas a eles. Daqui para a frente a responsabilidade por tudo que acontecer na terra será tua e da vossa posteridade. Porque te dei o poder de nomear todas as criaturas viventes e dar forma aos objetos que a terra produzirá daqui em diante. Sede, pois merecedor do livre arbítrio que te dou e obrai para que eu fique satisfeito com as tuas obras. E quando isso acontecer, toda a vossa descendência conhecerá o meu Verdadeiro Nome. E o propósito pelo qual eu manifestei a minha presença no mundo físico e fiz a ti para dar testemunho dela terá sido consumado. Esses, pois, são os termos da nossa aliança a partir de agora. Eu farei a tua semente atravessar o tempo infindo e o espaço infinito e se tu levares o testemunho da minha existência e do meu poder, então, quando eu decidir que tudo foi feito do meu agrado, voltarás à casa paterna revestido da glória e da majestade com a qual eu primeiro te criei”
(continua)