O amor pela beleza de uma rosa
Na verdade está na nossa mente;
Não é o olfato que a faz cheirosa,
Pois não é ele que de fato o sente.
Também não é o olho que goza,
Nem nosso nariz que aproveita,
Essa imagem que é tão formosa.
E o aroma que sai dessa receita.
Pois do perfume que tem a rosa
Ninguém conhece o ingrediente;
O nariz respira, mas quem goza,
Está na emoção que dá na gente.
Da mesma forma, um alimento
Que a nossa língua experimenta
Não provém dela o sentimento,
Mas desse desejo que nos tenta.
Isso, de fato é coisa muito louca;
Pois se a língua é de fato, sensor
A sensibilidade não está na boca,
É sim o cérebro que sabe o sabor.
Destarte, seja qual for o ensejo,
Que o nosso organismo alicia,
É melhor deixar que o desejo
Seja sempre seu primeiro guia.
Pois se da razão for a resposta,
Certamente, ela não merece fé.
Pois ela, para decidir se gosta,
Sempre procura saber o que é.
E o mundo tem tantos encantos
Tantos quantos eles podem ter;
Porém, talvez por serem tantos
Não é sempre que se os pode ver.
Prazer, de fato, é coisa de louco
Sempre estamos a querer mais;
Pois sendo coisa que dura pouco
Dele a gente vive correndo atrás
E quem quiser sentir de verdade
Que a seus desejos nunca negue;
Goze tudo com a maior vontade,
E o resto, o diabo que o carregue.