OS IDIOTAS ÚTEIS
De Hitler se pode dizer tudo, menos que ele era mau político e incompetente como estrategista. E que sabia explorar muito bem as oportunidades que surgiam para destruir os adversários. Outra das suas competências era saber como usar as pessoas para realizar os seus intentos. Provou isso explorando o incêndio do Reichstag, ocorrido em 27 de fevereiro de 1933, quatro semanas após ter assumido o cargo de Chanceler da Alemanha. Hoje, poucos historiadores duvidam que esse incêndio criminoso foi perpetrado pelo seu próprio partido para fornecer aos nazistas um factoide que lhes desse uma justificativa para agir com violência contra seus inimigos políticos. O idiota útil que proporcionou essa oportunidade foi um comunista idiotizado chamado Marinus Van Der Lubben, pedreiro holandês desempregado, que foi preso nas proximidades do prédio com uma tocha nas mãos.
Idiotas úteis sempre são encontrados em ocasiões como essas. Bolsonaro deve sua eleição à um deles. Não fosse a facada que levou do amalucado Adélio Bispo, dificilmente ele seria eleito em 2018. Lula também jamais teria voltado ao poder se os procuradores “mariposas” de Curitiba e o juiz fanfarrão Sérgio Moro não o tivessem elegido como plataforma de ascensão profissional.
E agora os idiotas úteis são eles mesmos, a família Bolsonaro e seus apoiadores mais diretos. Eduardo Bolsonaro é o correspondente brasileiro do idiota Marinus Van Der Lubben, que Trump está usando para extorquir do nosso país melhores condições de negociação para amparar seu projeto de hegemonia sobre o mundo. Ele não está nem um pouco preocupado com o destino do seu pretenso “amigo Bolsonaro” e a suposta perseguição política que ele estaria sofrendo por parte do governo e do judiciário brasileiro. O que ele quer é supedâneo para o seu projeto megalomaníaco expresso no slogan “Make América Great Again”, que sugere a fundação de uma nova Roma com ele reinando como um novo César Augusto no Palatino da Casa Branca.
Trump tem agido, claramente, como se sofresse de psicopatia megalomaníaca. E usa o que aparece para construir suas arquiteturas supremacistas sem nenhum escrúpulo de consciência. Eduardo Bolsonaro, o idiota útil, não é inocente, como talvez fosse o atoleimado Marinus Van Der Lubben que Hitler usou para prender e mandar para campos de concentração os seus desafetos. Ele tem suas ambições e elas não são nem um pouco patrióticas.
Dá para imaginar a decepção dele e dos bolsonaristas mais radicais quando ele vir que os problemas do seu pai com a justiça brasileira não serão atenuados e que, pior, serão até agravados por conta da inevitável retaliação que virá. E então, o nosso idiota útil verá o tamanho do tiro que deu no pé.
Das manobras de Hitler e os resultados funestos que trouxeram para o mundo a História está aí para contar. Do que pode vir por conta dessas repetições de idiotices não sabemos. Mas enquanto os idiotas úteis existirem para ajudar a construir essas tragédias será difícil evitar que elas se repitam.