João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


A HERANÇA DO TRAIDOR

 

Como diz a sabedoria popular, é a força da tempestade que mede a competência do comandante de um navio. Lula não está mostrando essa competência em face à procela que o país vem sofrendo nesse imbróglio com o Donald Trump. Em outros tempos ele já estaria agindo para resolver esse problema. Ele tem seus motivos. Afinal de contas, Trump não está jogando com cartas limpas, o que seria se ele estivesse tratando esse assunto como deveria ser entre nações livres e soberanas, ou seja, diplomaticamente. Na verdade, ele está muito pouco se lixando com o que acontece politicamente no Brasil e sua preocupação com as dificuldades do Bolsonaro com a justiça brasileira é apenas uma desculpa esfarrapada que ele está usando para impor sua vontade ao mundo. O Brasil é uma gotinha dágua no copo da sua preocupação. O medo dele é do BRICS, isso sim, um bloco de países, que ao colocar-se em franca oposição política, econômica e militar aos Estados Unidos, pode sim, tirar o sono dos americanos. Principalmente se começar a usar uma moeda alternativa em lugar do dólar. Trump é um psicopata narcisista, megalomaníaco e obcecado pelo poder. Já humilhou Zelensky e não terá nenhum constrangimento em humilhar Lula, se ele se predispor a ceder às suas pressões. Se ele estivesse, de fato, preocupado com a democracia, não sustentaria o regime tirânico da Arábia Saudita, nem a ditadura da Turquia, onde nem se pode falar em direitos humanos, e muito menos o genocídio que Netaniahru vem promovendo no povo palestino. Mas ele só faz o que interessa a ele e ao seu projeto de poder, expresso no slogam America Great Again.

Tudo bem. Alexandre de Morais pode ter comprado uma briga com os bolsonaristas e agora está usando o poder que a toga lhe concede para se vingar, ao invés de honrar os compromissos que assumiu com o ordenamento jurídico ao se tornar um dos supremos magistrados do país. Não concordamos com muitas das suas decisões, que parecem ser guiadas mais por sentimentos de rancor pessoal do que por uma aplicação escorreita da lei.

Mas isso é um assunto de exclusiva competência do povo brasileiro e não se pode admitir que uma potência estrangeira venha aqui a ditar suas imposições como se o nosso país fosse o quintal dela e tivesse que submeter-se a tais chantagens para sobreviver.

Bolsonaro e seus seguidores nunca esconderam que gostariam de demolir o sistema democrático instituído pela Constituição de1988 e substitui-lo por uma nova ditadura militar, com ele no poder. É um direito que eles têm, e não se pode puni-los por desejar isso. Só não dá para aceitar que, para implantar o seu projeto de poder, ele e seus seguidores não mostrem nenhum constrangimento em apelar para a intervenção de uma potência estrangeira nos assuntos internos do país. Isso, claramente, tem um nome: traição.   

A propósito, seria bom se os bolsonaristas radicais, que se dizem bons evangélicos, se lembrassem do que diz o versículo 11:19 do Livro dos Provérbios: “Quem perturba a paz da sua casa herdará o vento, e o insensato será servo do sábio de coração.” Pior que a herança de uma casa destruída, ainda, será aquela que sempre cabe aos traidores.

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 30/07/2025


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