João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


A SÍNDROME DE COLOMBO

 

Quando Cristóvão Colombo saiu da Espanha para tentar encontrar um caminho para as Índias navegando para o Ocidente, ele não sabia para onde ia. Quando chegou no continente que seria chamado de América, ele não sabia onde estava. E quando voltou para a Espanha para relatar ao rei suas descobertas ele não soube dizer onde esteve. Assim nasceu a chamada Síndrome de Colombo.

É a doença que o nosso país está sofrendo agora. Não sabemos para onde estamos indo, não sabemos onde estamos e nem onde estivemos até agora. O país parece um barco à deriva, ora navegando para a direita, ora para a esquerda, sem leme e sem um capitão com um mínimo de tirocínio para dar um rumo a ele.

E para complicar ainda mais essa síndrome de cão que caiu da mudança, o narcisista psicopata que os americanos elegeram para presidente resolveu escolher o Brasil como saco de pancada para testar o seu poder sobre o resto do mundo.

Diz ele que o Brasil é um mau parceiro comercial e tem péssimas leis sobre liberdade, garantia dos direitos humanos e outras instituições. Ele esquece (ou não interessa lembrar) que teve quatro anos com Bolsonaro no poder para melhorar isso, mas nunca disse uma palavra a respeito. Para ele, com Bolsonaro, o seu vassalo tupiniquim, tudo estava bem e o Brasil era um ótimo parceiro.

Isso sem falar que, com ele, os Estados Unidos da América estão longe de ser a grande democracia que já foi. O governo Trump quer mandar em tudo. Na política das universidades, nas exposições dos museus, na política de segurança, como fez recentemente com a polícia em Washington. Além disso, persegue jornalistas que não concordam com ele, além de criar uma espécie de SS (polícia nazista) para prender e deportar imigrantes legais e ilegais, que segundo sua ótica, não interessam ao seu projeto de hegemonia.

Esse imbróglio que ele criou agora com o falecido programa Mais Médicos beira ao ridículo. Trata-se de um programa desenvolvido no governo de Dilma Roussef e desmantelado no governo Bolsonaro. Sem entrar em polêmica sobre o mérito do programa (que teve seus prós e contras), trata-se hoje, de um cadáver político que está sendo desenterrado somente para justificar uma atitude sem pé nem cabeça, que está sendo desencadeada com propósitos inconfessáveis. O Mais Médico, hoje, conta apenas com dez por cento de profissionais cubanos no quadro do projeto. E esses profissionais trabalham exatamente nos lugares onde os médicos brasileiros não querem ir. E não são mais contratados como eram no governo da Dilma Roussef, mas sim diretamente, sem intervenção do governo cubano.

Trump é um político que usa métodos francamente mafiosos para negociar. O que ele está fazendo com o Brasil é o que o personagem de Mário Puzzo, o chefão Don Corleone, fazia com seus adversários: oferecer uma proposta irrecusável, ou seja, faz o que eu quero ou morre.

O pior disso tudo é o papel que os nossos políticos estão fazendo nesse imbróglio.  Tanto de um lado quanto de outro. De um lado, temos um presidente e um partido, ineptos e inertes diplomaticamente, dando mais ouvido ao seus próprios egos e interesses partidários do que às necessidades do país. De outro lado, o triste papel da família Bolsonaro e seus apoiadores, que colocam suas simpatias ideológicas acima do interesse da pátria e trabalham mais com o intuito de prejudicar os adversários políticos do que para defender a própria pátria. Esse tipo de atitude mostra bem o caráter dessa gente que se coloca como candidatos a governar o país.

Enquanto estivermos oscilando entre essa esquerda e essa direita que polarizaram a política brasileira, não nos livraremos dessa Síndrome de Colombo que estamos vivendo. No ano que vem teremos eleições. Só nos resta pedir a Deus que nos oriente

 

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 14/08/2025
Alterado em 14/08/2025


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